A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) lançou uma campanha a fim de apoiar o trabalho da Igreja junto às vítimas do terrorismo na África, continente onde houve nos últimos anos um aumento drástico da presença de grupos jihadistas, segundo Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo.

A campanha “Curar as feridas do extremismo religioso na África” tem um valor global de oito milhões de euros e vai ser canalizada para alguns dos países onde as populações mais têm sofrido com a violência terrorista, nomeadamente Moçambique, Níger, Nigéria, Burkina Faso, Camarões, República Centro-Africana e Mali.

“A África viveu uma angustiante via-sacra em 2020 e tornou-se o ‘continente dos mártires’. A violência contra os cristãos, a sua expulsão e morte aumentaram dramaticamente”, observou o presidente executivo internacional da Fundação ACN, Thomas Heine-Geldern.

Segundo ele, “a Igreja Católica na África é frequentemente uma das vítimas, mas é, acima de tudo, uma importante fonte de apoio, reconciliação e cura para todos os que sofrem violência”. Por isso, indicou, “a Fundação ACN considera a ajuda que presta à Igreja do ‘continente dos mártires’’ como uma das suas missões mais cruciais, agora mais do que nunca”.

“Espero que a ajuda que prestamos alivie o sofrimento do povo e lhe permita sentir um pouco de esperança pascal”, acrescentou Heine-Geldern.

De acordo com o Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo, da Fundação ACN, dos 26 países classificados com a cor vermelha, isto é, onde ocorre perseguição, 12 estão no continente africano. Além disso, indica que cada vez mais “vários países são profundamente afetados pelo extremismo islamista, predominantemente nas regiões da África Ocidental e do Chifre da África” e, em nenhuma outra região do globo foram assassinados, nos últimos três anos, tantos padres, religiosos e colaboradores da Igreja.

Em vídeo exibido durante a apresentação do relatório no Brasil, em 27 de abril, a editora-chefe do relatório, Marcela Szymanski, destacou que “a África recebeu a duvidosa honra de acolher os militantes do grupo Estado Islâmico que fugiram da Síria e do Iraque e estão a ponto de se converter em um califado transcontinental”. Por isso, indicou que no mapa deste documento, “a África está vermelha, tingida de vermelho”.

Szymanski afirmou que “os islamistas têm muito êxito” e chamou a atenção para o fato de que “60% do Burkina Faso já lhes pertencem”. “Avançam como uma praga de gafanhotos, desde o oeste até Moçambique, no Oceano Índico”, onde “já dominam dois portos”.

A campanha em prol da África foi lançada em março pela Fundação ACN Portugal, com apoio da Rádio Renascença, da Igreja católica de Portugal, para sensibilizar e “mobilizar os portugueses para a urgência do apoio humanitário para muitas comunidades que estão numa situação muito precária”, como explicou então a diretora do secretariado português da Fundação, Catarina Martins de Bettencourt. Agora, é relançada pela ACN, internacionalmente.

Essa campanha procura lembrar que “há milhares de pessoas na África que têm fome, doenças, que são perseguidas por serem cristãs”, sublinhou Bettencourt.

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