O arcebispo de Paris anunciou um processo canônico nesta quarta-feira, 07, contra um padre da capital francesa por supostamente ter se recusado a seguir as medidas da diocese contra a Covid-19 durante a Vigília Pascal.

Um comunicado da Arquidiocese de Paris afirma que o pároco da igreja Sainte-Eugène-Sainte-Cécile de Paris, não cumpriu com "as medidas de saúde em vigor para lutar contra a pandemia COVID-19 durante uma celebração no sábado, 3 de abril".

"Essas medidas foram, no entanto, objeto de instruções claras que a diocese de Paris regularmente lembrava a todas as paróquias", diz o texto.

A decisão do arcebispo Michel Aupetit de abrir processos dentro da lei canônica tornou-se pública um dia depois da polícia de Paris ter aberto uma investigação formal contra a paróquia por "colocar em risco a vida dos demais".

A mídia francesa primeiro levantou a preocupação ao mostrar clipes da transmissão ao vivo da Vigília de Páscoa da paróquia, celebrada segunda a forma extraordinária (Missa Tridentina), chamando a atenção para o fato da igreja repleta, e imagens de paroquianos que não usavam máscaras durante as procissões à luz de velas e no momento dos batismos.

Embora o vídeo original da Vigília tenha sido removido pela paróquia, a transmissão ao vivo da missa de Domingo de Páscoa na paróquia no dia seguinte mostrou padres e acólitos sem máscaras e sem distanciamento. As bancas onde se sentaram os fiéis não foram filmadas.

"Desde que a pandemia começou, não tivemos um único surto", disse o Pe. Marc Guelfucci, pároco da igreja em questão, a um grupo de jornalistas fora de sua igreja.

Em um vídeo publicado pelo Le Parisien, Guelfucci disse que as máscaras não foram usadas durante os batizados porque "não cuspimos nas pessoas quando batizamos".

Uma paroquiana identificada apenas como Marie-Thérèse também falou com os jornalistas e defendeu seu pároco.

"Havia muita gente porque havia 10 pessoas para serem batizadas. Talvez tenha sido por causa da benevolência dele [de Guelfucci] que as pessoas não foram deixadas do lado de fora", justificou.

Um membro do coral da paróquia disse: "Fomos vítimas do nosso sucesso ... Não esperávamos tanta gente, mesmo depois de propor cinco missas no domingo de páscoa".

Outro paroquiano, que prefere permanecer anônimo de acordo com o Le Parisien, disse: "Há um ano que as regras de saúde não são respeitadas nesta igreja.".

Karine Dalle, porta-voz da arquidiocese de Paris, disse que os sacerdotes da igreja Saint-Eugéne-Sainte-Cécile já haviam recebido um aviso.

"Vemos que há uma lacuna entre o que foi pedido e o que foi feito nesta igreja", disse ela.

Enquanto isso, promotores em Reims, nordeste da França, já abriram investigações criminais sobre outras duas missas de Páscoa oferecidas na Igreja de Santa Joana D'Arc. O motivo foi o mesmo: padres e fiéis não usavam máscaras.

O padre Jean Maïdanatz, do Instituto de Cristo Sacerdote Soberano e Rei na localidade de Reims, que organizou as missas, disse à AFP em resposta: "A maioria dos fiéis, cerca de 90 aos sábados e 100 aos domingos, respeitaram as medidas e as distâncias de proteção".

"Máscaras e desinfetante para as mãos são distribuídos, mas eu não tenho meios para forçar os fiéis a usarem máscaras", disse o padre.

A arquidiocese de Paris disse que o pároco de Sainte-Eugène-Sainte-Cécile havia sido convidado a "impor estritamente o respeito pelas medidas sanitárias" em sua igreja "enquanto aguarda a conclusão do procedimento canônico".

Ele também foi convidado a transmitir uma mensagem do Arcebispo Aupetit aos seus paroquianos durante o fim de semana "a fim de lembrá-los mais uma vez das regras que se aplicam a todos".

No momento há mais de 1.600 pessoas hospitalizadas com Covid-19 na cidade de Paris de acordo com as autoridades de saúde francesas. Segundo um alerta de médicos da capital transmitido pelo canal Euronews na semana passada, os hospitais de Paris estão prestes a ficar "sobrecarregados" devido ao aumento dos casos.

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Ainda segundo Euronews o presidente francês Emmanuel Macron continua a defender a decisão de “não fechar completamente o país novamente”. Em vez disso, “um toque de recolher nacional foi posto em vigor”, juntamente com outras restrições em 19 departamentos que têm registrado aumento do número de casos de Covid-19, que incluem as cidades de Paris, Lyon e Nice.

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