O 20º Encontro Nacional de Mulheres –que até o ano passado se definia como "Autoconvocadas"– terminou em Mar del Plata com uma estratégia para buscar a despenalização do aborto no país, mas não obteve o consenso das participantes devido à valente ação de numerosas católicas e pró-vida que deixaram claro que feministas e abortistas não representam todas as argentinas.

As defensoras da vida se fizeram escutar no conhecido encontro abortista que a cada ano é organizado por dezenas de grupos anti-vida para exigir a legalização desta prática criminosa.

Conforme informou o jornal Clarín, "a edição deste ano pôs em evidência o marcado antagonismo" entre as propulsoras da despenalização do aborto e as católicas, pois "em algunas das oficinas houve agressões que, embora não passaram a maiores, abriram a possibilidade da intervenção da fiscalização em turno".

O encontro reuniu 32 mil inscritas de todo o país, vários milhares partiram no domingo passado pelas ruas de Mar del Plata exigindo o aborto legal.

Os debates se desenvolveram em 42 oficinas e o diálogo alcançou momentos de muita tensão nas mesas que trataram o tema do aborto.

Marta Alanís, do grupo abortista Católicas pelo Direito a Decidir de Córdoba, acusou o Clarín sobre as verdadeiras católicas que "vieram diretamente a tumultuar o debate" e "fizeram impossível dialogar nas mesas de família, sexualidade, anticoncepção e aborto".

Segundo o jornal, "algumas mulheres chegaram a diversas oficinas com cartazes que diziam ‘não o mate, é seu filho’, enquanto atiravam ao ar fotos de mulheres grávidas. Os enfrentamentos chegaram em alguns casos até a delegacia de polícia, onde se denunciaram ‘agressões verbais’. Embora se chegou a mandar uma patrulha para moderar os ânimos, terminou por descartar a possibilidade de dar intervenção ao fiscal".

Uma militante pró-vida citada pelo Clarin, indicou que "as conclusões do encontro foram diversas, já que foram apresentadas por cada um das oficinas. ‘Para que haja uma conclusão devehaver consenso, que é o que aqui não há’".

O jornal também recolheu as declarações de uma integrante de Mulheres Públicas que reconheceu a presença das católicas. "Eu estive nos encontros de Rosário e Mendoza, e esta é a segunda vez que as mulheres católicas chegam articuladas para desarmar as oficinas onde se discutem temáticas como saúde reprodutiva ou aborto. A polêmica continua vigente".