Autoridades eslovenas teriam apresentado acusações preliminares contra uma mulher italiana sob suspeita de lavagem de fundos obtidos ilegalmente do Vaticano através de empresas registradas na Eslovênia.

De acordo com o diário esloveno Večer, investigadores criminais na capital Ljubljana apresentaram as acusações preliminares contra Cecilia Marogna e um cidadão esloveno que acreditam estar igualmente envolvido na lavagem de fundos.

Marogna deve enfrentar um julgamento no Vaticano por desfalque depois ter sido acusada de desviar fundos da Santa Sé em pagamentos de mais de 500.000 euros, que recebeu da Secretaria de Estado do Vaticano através de sua empresa registrada na Eslovênia em 2018 e 2019.

A acusação é de que os fundos destinados a fins humanitários foram usados para despesas pessoais, incluindo estadias em hotéis de luxo e compras de bolsas de grife.

 

De acordo com Večer, investigadores eslovenos descobriram que a Marogna em 2019 transferiu até 575.000 euros para várias empresas com sede na Eslovênia antes de gastá-la ou transferi-la para outras contas.

Večer informou no último 22 de março que a polícia eslovena, em cooperação com o Escritório de Prevenção da Lavagem de Dinheiro e autoridades de segurança estrangeira, congelou 175.000 euros na conta de uma empresa e realizou uma busca domiciliar em um cidadão esloveno suspeito de cooperar com Marogna na lavagem de dinheiro.

Marogna alegou que trabalhou para a Secretaria de Estado como consultora e estrategista de segurança. Ela reconheceu ter recebido centenas de milhares de euros do Vaticano, mas insistiu que o dinheiro era para seu trabalho de consultoria e salário no Vaticano.

A mídia alegou que os pagamentos foram feitos sob a direção do Cardeal Angelo Becciu, o antigo substituto da Secretaria de Estado e um conhecido na Sardenha. O prelado, posteriormente punido pelo Papa Francisco com a retirada do título cardinalício, negou repetidamente qualquer irregularidade.

Marogna foi presa em Milão no ano passado por um mandado internacional emitido pelo Vaticano através da Interpol. Ela foi libertada da prisão 17 dias depois e, em janeiro, o Vaticano anunciou que havia retirado o pedido de extradição de Marogna da Itália já que a decisão caberia aos juízes italianos.

O Vaticano também disse em janeiro que o julgamento contra Marogna por suposto desfalque começaria em breve.

De acordo com um jornal da Sardenha, Marogna apresentou em fevereiro uma queixa na promotoria de Brescia por supostos crimes cometidos contra ela em conexão com sua prisão.

Ela teria afirmado que foi "privada de liberdade injustamente" desde o dia de sua prisão até o levantamento da obrigação de marcar presença na comissaria de polícia de Milão em meados de janeiro.

Marogna apresentou a queixa através de sua nova representação legal, depois que seus advogados anteriores, especializados em direito penal corporativo, deixaram seu caso no início de fevereiro.

Ela também apelou ao Tribunal de Revisão de Milão no mês passado contra a apreensão de seu celular como parte da investigação do Vaticano contra ela.

O smartphone foi recentemente enviado aos investigadores do Vaticano depois de estar na posse de investigadores italianos desde outubro.

 

 

Artigo originalmente publicado em CNA, traduzido e adaptado por Rafael Tavares.

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