O Arcebispo de Abuja (Nigéria), Dom Ignatius Kaigama, assegurou que dar de comer a quem tem fome, uma das sete obras de misericórdia corporais, é um "imperativo ético" e uma "forma poderosa de oração".

Na homilia da Missa que presidiu no dia 9 de março, na paróquia St. Matthew, o Prelado disse que o desemprego e a pandemia de Covid-19 são alguns dos fatores que agravaram a falta de alimentos na nação africana onde 80 milhões de pessoas sofrem por causa das “consequências da insegurança alimentar”.

“O direito ao alimento, assim como o direito à água, tem um lugar importante na busca de outros direitos”, disse o Arcebispo. Para ele, o Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco para ser celebrado todo mês de novembro, “nos exorta a amar os pobres, não com palavras, mas com obras”.

Embora reconheça que a falta de alimentos "não é novidade" na Nigéria, o Prelado expressou preocupação com o fato de seu país "ter adquirido o apelido de capital mundial da pobreza".

Segundo o Arcebispo, “os mais de 80 milhões de nigerianos que vivem em extrema pobreza e sofrem as consequências da insegurança alimentar, apesar de nossas terras férteis e enormes recursos materiais, existem por falta de vontade política e econômica em todos os níveis”.

Depois de lembrar que no país há muitos deslocados, mendigos nas ruas, jovens desempregados e aposentados muito pobres, Dom Kaigama lamentou que “nossos agricultores não podem ir para suas terras por medo de um ataque de homens armados que recentemente os obrigaram a deixar suas fazendas e casas”.

“A falta de esforços sinceros para lutar contra a ameaça da insegurança agravou a situação de fome e pobreza”, assinalou. Isso, disse ele, é um apelo ao povo de Deus para que ajude mais os pobres.

Estas necessidades urgentes são a razão pela qual a Arquidiocese de Abuja “lançou uma campanha de Quaresma, distribuiu caixas quaresmais e pediu aos fiéis que fizessem várias arrecadações para ajudar os necessitados”, explicou.

“Temos que evitar a cultura de desperdiçar alimentos na qual muitos deles são jogados fora ou a produção dos fazendeiros estraga porque não há instalações adequadas de armazenamento”.

Para que os agricultores voltem às suas atividades e assim viabilizem a segurança alimentar, o Arcebispo de Abuja pediu aos novos chefes de segurança que “enfrentem de forma criativa o tema da insegurança”.

Desta forma, serão capazes de "nos dar um ambiente propício para que o povo enfrente as atuais realidades econômicas, especialmente nas áreas rurais”.

Publicado originalmente em ACI África. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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