Na coletiva de imprensa durante a viagem de retorno do Iraque ao Vaticano, o Papa Francisco explicou como escolhe suas viagens apostólicas.

O Santo Padre disse nesta segunda-feira, 8 de março, que “para tomar uma decisão sobre as viagens, escuto. Os convites são muitos e escuto o conselho dos assessores e às vezes alguém vem e diz: o que acha a esse propósito, devo ir até aquele lugar? É bom para mim ouvir, isto me ajuda a tomar decisões mais tarde”.

“Escuto os conselheiros e, no final, rezo, reflito muito, sobre algumas viagens, reflito muito. Depois a decisão vem de dentro, quase espontaneamente, mas como fruto maduro. É um longo caminho. Alguns são mais difíceis, outros mais fáceis”, acrescentou.

Em seguida, o Papa descreveu como surgiu a decisão de viajar ao Iraque. Recordou o primeiro convite que recebeu da ex-embaixadora do Iraque junto à Santa Sé, depois o convite do novo embaixador, assim como a visita do presidente. "Todas essas coisas ficaram comigo", indicou.

O Santo Padre disse também que influenciou a viagem ao Iraque a leitura em italiano do livro "A Última Garota", de Nadia Murad, uma jovem yazidi que foi escrava do Estado Islâmico e conta a sua história

“Nadia Mourad conta coisas espantosas, espantosas. Eu os aconselho a ler, em alguns pontos como é biográfico pode parecer pesado, mas para mim esta é a razão básica da minha decisão. Esse livro trabalhou-me por dentro. Primeiro quando escutei Nadia que veio me contar coisas terríveis, depois com o livro. Todas essas coisas juntas levaram à decisão, pensando em todos, em todos os problemas, muitos. Mas no final a decisão veio e eu a tomei”, disse.

Por fim, Francisco abordou a questão do próximo início do seu oitavo ano de pontificado e sublinhou: “Confesso que nesta viagem fiquei muito mais cansado do que nas outras. Os 84 [anos de idade] não vêm sozinhos, têm uma consequência... mas veremos”.

“Agora devo ir à Hungria para a Missa final do Congresso Eucarístico Internacional, não para uma visita ao país, mas somente para a Missa. Mas, Budapeste fica a duas horas de carro de Bratislava, por que não fazer uma visita aos eslovacos? É assim que as coisas saem...”, concluiu o Papa.

O Papa Francisco viajou ao Iraque de 5 a 8 de março. Além da capital Bagdá, visitou a planície de Ur, as cidades de Mosul e Qaraqosh – martirizadas pelo Estado Islâmico – e Erbil, capital do Curdistão iraquiano.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

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