Um grupo de fiéis da vila de Karamlech, a leste da cidade de Mossul, construiu uma cruz de madeira de uma igreja incendiada por terroristas do Estado Islâmico (ISIS). A Cruz estará no domingo na oração de sufrágio presidida pelo Papa Francisco durante sua visita apostólica ao Iraque.

"Preparamos uma cruz de madeira a partir de uma igreja que foi incendiada pelo Estado Islâmico (ISIS) em 2016, quando o Daesh controlava a área", disse à ACI Prensa o padre Abuna Thabet, sacerdote caldeu em Karamlech.

"A cruz de três metros estará na oração do sufrágio a ser feita no domingo pelo Papa em Mossul. A madeira foi retirada da Igreja de St. Adday em Karamlech", de onde o padre agora é um padre paroquial.

A cruz foi construída por três pessoas e será levada de Karamlech para Mossul nesta sexta-feira. O padre comentou que ela pode ser abençoada antes da oração do sufrágio, que o Papa presidirá no domingo para as vítimas da guerra em Hosh al-Bieaa.

O padre de 46 anos também disse à ACI Prensa que acompanhará o coro de 25 pessoas que cantarão um hino preparado especialmente para a visita do Papa intitulada "Você não é um visitante como todos os outros".

"Este país está cansado de ódio e guerras. Esperamos que essa visita traga a atenção do governo e do mundo para esta Igreja mártir, que deve ser ajudada para que possa continuar levantando o Evangelho", disse o padre Abuna.

Depois de afirmar que a visita enfrenta limitações por causa das medidas de segurança e pandemia de Covid-19, o padre disse que "não há medo de nenhum ataque e esperamos que a paz seja mantida. Não houve ataques nos últimos dias."

Depois de lembrar que em Karamlech "o Estado Islâmico queimou casas e igrejas, na verdade, tudo em seu caminho... O Daesh profanou um cemitério e deixou um país destruído", disse o padre ao grupo ACI reiterando que os cristãos esperam que a vinda do Papa traga paz ao Iraque.

"Esperamos que haja uma atitude do governo iraquiano em relação aos cristãos que lhes permita ouvir nossos problemas. Acho que o Papa falará sobre paz e fraternidade humana. Um sinal disso é que ele irá para a terra de Abraão, considerado o pai dos cristãos e muçulmanos".

No rito Caldeu, um dos ritos orientais da Igreja Católica, o padre Abuna disse que se concentra "na economia da salvação que nos traz de volta ao século II. É uma igreja muito antiga, com costumes dos primeiros cristãos, com a mentalidade do grande poeta San Efrén, nosso teólogo".

"Nosso rito se concentra no martírio, na esperança da ressurreição de Cristo", concluiu o padre iraquiano.

Confira: