Apesar dos esforços da mãe e das irmãs para evitar o desfecho fatal, no dia 26 de janeiro o católico polonês identificado como RS morreu no Reino Unido, após a retirada de alimentação e hidratação por ordem da Suprema Corte, que alegou que o melhor para esta pessoa era retirar o suporte que o mantinha vivo durante os últimos meses. 

RS era natural da Polônia e morou na Grã-Bretanha por vários anos. Em novembro de 2020 sofreu um ataque cardíaco e consequente lesão cerebral grave que o deixou prostrado e precisando de um sistema de suporte de vida.

Christian Concern, uma organização sem fins lucrativos do Reino Unido que ofereceu apoio à família por meio de seu centro jurídico, informou em 26 de janeiro que RS faleceu após ser desconectado do suporte vital em 13 de janeiro por ordem da Suprema Corte e com a autorização da esposa e dos filhos. A sentença britânica foi endossada pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, apesar da oposição da mãe e das irmãs de RS.

A causa a favor da vida de RS foi apoiada por líderes da Igreja Católica na Polônia e no Reino Unido. O governo polonês também solicitou o repatriamento de seu cidadão.

Na noite de 25 de janeiro, depois que o Governo polonês conseguiu "conceder o status de diplomático a RS, em seus esforços por levá-lo para a Polônia", os advogados da família escreveram com urgência aos advogados do Hospital Plymouth, onde RS estava internado, para insistir-lhes que restabeleçam a nutrição e hidratação do católico.

No entanto, "na manhã [de 26 de janeiro] o hospital se recusou a retomar o tratamento de suporte de vida e informou sobre a morte de RS durante o dia", indicou Christian Concern. RS faleceu em meio aos esforços do governo da Polônia para "fazer cumprir uma sentença de seus tribunais para que o transferissem em avião a um hospital polonês" para receber os cuidados básicos de que precisava.

A mãe de RS expressou a tristeza pela morte de seu filho e condenou as autoridades do Reino Unido por terem praticado o que seria "eutanásia" de uma forma "degradante e desumana".

“Estou arrasada porque as autoridades britânicas decidiram desidratar meu filho até a morte. O que as autoridades britânicas fizeram com meu filho foi a eutanásia pela porta dos fundos. Privá-lo de nutrição e hidratação é funcionalmente o mesmo que dar-lhe uma injeção para acabar com sua vida, a diferença é que todo o processo é um tratamento mais longo, degradante e desumano", disse.

“Os esforços legais de apoio à família foram incansáveis ​​e incluíram o esgotamento de todos os recursos disponíveis, incluindo dois pedidos perante o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos”, assinalou a instituição cristã.

Em declarações anteriores, a mãe e a irmã de RS apelaram a decisão da Suprema Corte, alegando que o polonês era católico e que era contra o aborto e a eutanásia e "não gostaria de morrer desta forma". Também apresentaram à justiça britânica vídeos que, segundo um neurologista, mostravam perspectivas de melhora no estado de saúde.

A Igreja Católica pediu à justiça britânica que considerasse a opinião de outro especialista sobre a perspectiva de melhora de RS, depois que os médicos do hospital britânico afirmaram que o dano era "grave e irreversível". No entanto, o pedido também foi rejeitado pela justiça.

Os bispos da Polônia e da Inglaterra também uniram forças para defender RS, exortando o governo do Reino Unido a aceitar a oferta do governo da Polônia de transferir o paciente para sua terra natal.

Dias antes da morte de RS, o presidente dos bispos poloneses, Dom Stanislaw Gadecki, destacou que a opinião pública polonesa está abalada e lamenta a decisão da Suprema Corte Britânica que “condenou RS à morte por inanição”. Além disso, pediu ao presidente da Conferência Episcopal da Inglaterra e País de Gales, Cardeal Vincent Nichols, para unir forças para evitá-lo.

Os bispos da Inglaterra escreveram uma carta ao Secretário de Saúde do Reino Unido expressando sua oposição à ordem da Suprema Corte e pedindo a transferência de RS para a Polônia.

Além disso, assinalaram que “fornecer comida e água a pacientes muito doentes, mesmo por meios assistidos, é um nível básico de atenção. Este é o cuidado que devemos nos esforçar para oferecer sempre que possível".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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