A beatificação do doutor Jérôme Lejeune, descobridor da Síndrome de Down e grande defensor da vida que foi descartado para o Prêmio Nobel por rejeitar o aborto, está um pouco mais perto.

O Papa Francisco autorizou nesta quinta-feira, 21 de janeiro, a promulgação do Decreto da Congregação para as Causas dos Santos que reconhece suas virtudes heroicas, uma etapa prévia para seu reconhecimento como Beato.

Nascido em 13 de junho de 1926 em Montrouge, França, o Dr. Lejeune descobriu em 1958 a trissomia do par de cromossomos 21, responsável pela síndrome de Down.

A descoberta foi publicada na revista Nature em 1959. Desde então, Lejeune dedicou todos os seus esforços para defender essas crianças das tentativas de instrumentalizar sua descoberta para justificar o aborto de crianças com essa condição.

Essa postura do Dr. Lejeune na defesa do direito à vida de crianças com Síndrome de Down fez com que sua candidatura ao Prêmio Nobel de Medicina de 1970 não prosperasse, apesar da importância de sua descoberta.

Apesar disso, em declarações à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, em fevereiro de 2016, sua viúva, Birthe Lejeune, explicou que a descoberta de seu marido o deixou muito feliz, pois havia pesquisado por muitos anos para consegui-la, mas sofreu uma grande decepção quando viu que os governos usaram o rastreamento da Síndrome de Down para abortar essas crianças, e não para contribuir com o tratamento dessa deficiência.

As consequências de sua rejeição ao aborto não se limitaram a sua rejeição ao Prêmio Nobel. Ao se opor ativamente à lei do aborto na França, foi rejeitado por parte da comunidade científica.

“Depois de se opor à lei do aborto, de repente houve um apagão: parou de receber doações e ajudas econômicas para suas pesquisas. Não podia escrever nos meios de comunicação e não o convidavam para as televisões nem para congressos internacionais nos quais durante anos havia participado como conferencista principal”, explicava a sua mulher.

Essa rejeição causou grande sofrimento ao Dr. Lejeune, pois, embora não levasse para o lado pessoal, muitos dos que o rejeitaram e se recusaram a defendê-lo eram amigos próximos.

Foi precisamente nesse momento de solidão que recebeu grande reconhecimento do Vaticano. O Papa São João Paulo II o nomeou membro da Pontifícia Academia para a Vida e consultor do Pontifício Conselho para os Trabalhadores da Saúde.

A partir daquele momento, o médico estabeleceu uma grande amizade com o Papa polonês. De fato, durante a Jornada Mundial da Juventude celebrada em Paris, em 1997, São João Paulo II visitou o túmulo de seu amigo.

Jerome Lejeune faleceu em 1994 e em junho de 2007 teve início a sua causa de beatificação.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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