O ex-núncio na França, Dom Luigi Ventura, não apelará sua sentença de pena suspensa de oito meses de prisão por agressão sexual, confirmou sua advogada.

Em 16 de dezembro, um tribunal criminal em Paris considerou o Arcebispo culpado de tocar indevidamente em cinco homens durante o desempenho de suas funções diplomáticas públicas.

Foi condenado a pagar 13 mil euros a quatro dos homens e 9 mil euros de custas judiciais, informou a AFP.

A advogada de Dom Ventura, Solange Doumic, confirmou as notícias dos meios franceses de que o arcebispo italiano decidiu não apelar.

“O Arcebispo Ventura está muito cansado desta situação e desta comoção de que foi alvo”, disse à CNA, agência em inglês do grupo ACI.

O ex-núncio esteve ausente no julgamento de 10 de novembro. Um médico disse que era muito perigoso para o Prelado de 76 anos, que mora em Roma, viajar para Paris enquanto o coronavírus estava crescendo na França. Não esteve presente para o veredicto.

A advogada argumentou que as acusações contra seu cliente eram menores e haviam sido exageradas para se converterem no "julgamento do Vaticano, da homossexualidade escondida no Vaticano".

Dourmic disse que o Arcebispo tocou os quadris ou costas dos homens, mas os gestos duraram apenas alguns segundos e nunca tiveram uma intenção sexual. Também disse que o Prelado provavelmente nem percebeu que seriam considerados inapropriados. Acrescentou que depois que Dom Ventura operou um tumor no cérebro em 2016, teve alguns problemas de comportamento.

Na França, a agressão sexual é punível com até cinco anos de prisão e uma multa de até 75 mil euros.

O Arcebispo foi acusado pela primeira vez no início de 2019 de tocar indevidamente um membro da equipe em uma recepção de 17 de janeiro de 2019 realizada por ocasião do discurso de Ano Novo da prefeita de Paris, Anne Hidalgo. A acusação foi investigada pelas autoridades parisienses durante vários meses.

Em fevereiro de 2019, um segundo funcionário da prefeitura de Paris apresentou uma queixa contra Dom Ventura a respeito de um incidente em janeiro de 2018.

Outras duas denúncias foram apresentadas às autoridades, uma relacionada a uma recepção em um hotel de luxo em Paris e outra, por um seminarista, relacionada a uma Missa, ambas celebradas em dezembro de 2018.

O jornal francês Le Figaro informou que um quinto homem, um funcionário, relatou um incidente, mas sem registrar queixa criminal.

O Vaticano revogou a imunidade diplomática de Dom Ventura em julho de 2019, abrindo caminho para um julgamento em tribunais franceses.

O Prelado renunciou ao cargo de núncio na França em dezembro de 2019, aos 75 anos, após ter exercido o cargo por 10 anos.

O Arcebispo foi ordenado sacerdote pela Diocese de Brescia (Itália) em 1969. Entrou no serviço diplomático da Santa Sé em 1978 e realizou seu trabalho no Brasil, Bolívia e Reino Unido. De 1984 a 1995 foi nomeado para servir a Secretaria de Estado, na Seção de Relações com os Estados.

Após a consagração episcopal em 1995, Dom Ventura serviu como núncio na Costa do Marfim, Burkina Faso, Níger, Chile e Canadá. Foi nomeado Núncio Apostólico na França em setembro de 2009.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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