Milhares de católicos na França manifestaram-se pacificamente com orações, cantos e vigílias diante de catedrais e igrejas para pedir ao governo que retome as Missas públicas, proibidas pelo novo confinamento até 1º de dezembro devido à segunda onda de coronavírus.

Embora as autoridades tenham permitido que as igrejas permaneçam abertas, os sacerdotes não podem celebrar Missas com os fiéis. Por isso, os bispos entraram com um recurso perante o Conselho de Estado para solicitar a reconsideração desta medida, indicando que viola a liberdade de culto. No entanto, o pedido dos prelados foi rejeitado.

 

A primeira manifestação foi realizada em Nantes, onde se reuniram cerca de 600 pessoas. A iniciativa foi para Lyon, Versalhes e finalmente para Paris, Bordeaux, Toulousse, Marselha e Reims, entre outras cidades.

“Os católicos questionaram o governo sobre a proibição das Missas neste tempo de novo confinamento. Os católicos exigem respeito pela liberdade de culto católico”, disse o grupo Protège ton Église (Protege a tua Igreja) em sua conta no Facebook.

Depois de ameaçar multar os manifestantes, o Ministro do Interior, Gérald Darmanin, reuniu-se nesta segunda-feira, 16 de novembro, com os representantes dos principais cultos religiosos para discutir “as condições em que as cerimônias poderão voltar a ser realizadas de acordo com a evolução da situação de saúde”.

O Presidente do Senado, Gérard Larcher, foi favorável à celebração das Missas, mas com a “condição de que as condições sanitárias sejam respeitadas”, pois “estamos aqui perante uma liberdade fundamental e o governo deve estar atento a ela”.

Em Versalhes, Adélaïde, uma estudante de 22 anos foi quem deu início às vigílias. “Fiquei deprimida depois da Missa de domingo de manhã no YouTube, vi o que estavam fazendo em Nantes e mandei uma mensagem no WhatsApp aos meus contatos para me encontrarem às 18h”, disse. Segundo a polícia, entre 500 e 600 pessoas estiveram presentes na Praça da Catedral no domingo, 15 de novembro.

Em Paris, os fiéis manifestaram-se na sexta-feira em frente à Igreja de São Sulpício, na margem esquerda do rio Sena. Segundo relatórios da AFP, a polícia indicou que o distanciamento social não foi respeitado. Os fiéis carregavam faixas com slogans como "Deixem-nos rezar" e "Queremos Missa".

O Vigário Geral da Arquidiocese de Paris, Mons. Benoist de Sinety, exortou os fiéis a seguirem as regras, considerou as manifestações inúteis, mas especificou que a Missa é "uma necessidade vital" e é uma forma de "sofrimento não poder participar”.

Segundo informa a Efe, o Administrador Apostólico da Arquidiocese de Lyon, Dom Michel Dubost, disse à estação France Info que "devemos ser pacientes" porque os católicos "não somos as únicas vítimas da covid".

“Devemos tomar todas as precauções solicitadas pelo Governo”, acrescentou, e disse que, como alternativa às celebrações litúrgicas, os fiéis podem ajudar os pobres.

Para a reunião de ontem com o ministro do Interior, os bispos da França prepararam um novo protocolo “muito específico” com “medidas para todos os atos católicos, não apenas para as missas”, explicou Vincent Neymon, porta-voz do Episcopado. “Já havíamos demonstrado durante o primeiro confinamento que sabíamos como manter estas medidas rigorosas”, acrescentou.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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