Pe. Hans Zollner, membro da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores (CPPM), assinalou que a publicação dos relatórios sobre os abusos cometidos pelo ex-cardeal McCarrick e na Igreja no Reino Unido "são um passo adiante" para alcançar a transparência e prestação de contas e responsabilidades.

Em 10 de novembro, foi apresentado no Vaticano o relatório sobre o ex-cardeal Theodore McCarrick, expulso do sacerdócio em 2019 depois que se comprovou que durante décadas cometeu abusos sexuais contra menores e jovens adultos nos Estados Unidos.

Nesse mesmo dia, também foi lançado o relatório da Investigação Independente sobre Abuso Sexual Infantil (IICSA, na sigla em inglês) por membros do clero da Inglaterra e País de Gales entre 1970 e 2015.

Entrevistado por EWTN News Nightly, Pe. Zollner comentou que, diante de ambos os relatórios, o que há é “uma leitura triste na qual é muito difícil enfrentar tudo o que foi feito de errado durante décadas”. No entanto, garantiu que “também há uma leitura que me dá esperança, porque algo assim não era possível há três anos”.

“Demos um passo adiante no sentido da transparência e um grande passo adiante em analisar a responsabilidade e a prestação de contas”, disse o sacerdote jesuíta, que também é presidente do Centro para a Proteção de Menores da Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

“Acho que pelo menos a mudança vai ser ajudada por nós. Certamente discutiremos este relatório em profundidade, em várias instâncias. Tenho certeza de que vai influenciar o que a Igreja pensa sobre o processo de seleção de candidatos a bispos. Acho que, sem dúvida, vai ter um impacto, nas linhas de comando, de direção, e o que se chama de princípio da prestação de contas, para que saibamos, a partir de agora, que aquelas pessoas que não fazem o que devem fazer em algum momento, deverão responder por isso”, assegurou o especialista do Vaticano.

Na entrevista, Pe. Zollner também expressou palavras de encorajamento aos fiéis que estão incomodados e indignados com os resultados dos relatórios. “Estou com eles, com certeza. O que aconteceu é indignante", comentou.

O sacerdote explicou que o que foi investigado e continua sendo é “tudo o que foi feito mal” durante um “período de 50 anos”.

“Quero dizer, o problema é que olhamos para isso como se tivesse acontecido hoje, porque veio à tona nos últimos anos. Quando surgiram as acusações contra o Sr. McCarrick, de que havia inclusive abusado de menores, e tudo o que foi escondido debaixo do tapete a respeito do abuso de jovens seminaristas ou sacerdotes não foi levado a sério. Assim, percebemos que algo aconteceu há 30 ou 40 anos, mas só agora temos consciência ou percebemos a dimensão desses crimes e transgressões”, explicou.

Pe. Zollner reconheceu que, “por um lado, temos razão para ficar chateados e tristes”, mas o paradoxo disso é que desde que tudo saiu à luz podemos compartilhar um pouco da verdade, podemos olhar aos olhos da verdade, inclusive quando esta é difícil, e este é o primeiro e maior passo adiante para fazer a limpeza”.

“Este é um primeiro passo para uma maior transparência e responsabilidade. E, para mim, é um grande passo no caminho da esperança”, concluiu o sacerdote.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

Confira também: