O adolescente Carlo Acutis será beatificado neste sábado, 10 de outubro, o que tem gerado grande interesse em muitos jovens católicos, pois será o primeiro millenial a ser oficialmente reconhecido como “beato”.

Apesar de estudos mostrarem que um número crescente de norte-americanos millenials e da geração Z não praticam nenhuma fé religiosa, alguns jovens católicos expressaram suas opiniões sobre o "ciberapóstolo da Eucaristia" e disseram que Carlo, que também gostava de videogames, faz você querer se aproximar mais de Deus.

Carlo Acutis nasceu em 3 de maio de 1991 e faleceu aos 15 anos por causa de uma leucemia, em 12 de outubro de 2006. Ainda em vida, o jovem criou um site sobre milagres eucarísticos, devido à sua profunda devoção ao Santíssimo Sacramento até sua morte. Além disso, adorava jogar em seu playstation e pode ser a primeira vez que se beatifique ou canonize uma pessoa com esse hobby.

Em declarações à CNA – agência em inglês do Grupo ACI –, Cecilia Cicone, de 25 anos, de Delaware (Estados Unidos), disse que Acutis ensina os millennials e a geração Z como devem viver suas vidas, e que é um exemplo concreto do “que parece ser a santidade no século XXI”.

“Carlo personifica o que parece ser um santo que navega na Internet e joga videogame. Ele me desafia a examinar minha consciência e dizer: ‘Tudo bem, fui chamado para ser um santo que também usa a Internet’. Estou usando isso para tornar conhecido o amor de Deus?”, disse.

“Vemos que a santidade pode ter fases incômodas no ensino médio, com camisas pólo e videogame. Com a beatificação de Carlo Acutis, pela primeira vez experimento a paz e a alegria de reconhecer que também eu posso ser um santo do século XXI. Não é mais algo hipotético”, especificou.

Pe. John LoCoco, da Arquidiocese de Milwaukee, quase seis meses mais novo que Acutis, disse à CNA: “não fiquei nada impressionado com seu testemunho” na primeira vez que ouviu falar do jovem venerável em 2014.

“Nunca me interessei muito por computadores ou videogames, então nunca me foram 'familiares'. Ele era apenas um menino que escrevia em um blog sobre a Eucaristia”, disse Pe. LoCoco à CNA.

No entanto, com o tempo, a visão do jovem sacerdote sobre Acutis começou a mudar e agora pensa que o adolescente italiano “será um santo incondicional na era moderna” e que “o sentido honesto e profundamente silencioso que ele tinha da presença de Deus em todas as coisas" é "notável”.

"Acho que aprendi a amar o que parece ser a natureza muito amável de Carlo", disse. “Sua preocupação por aqueles que sofriam bullying na escola, por aqueles que tinham pais que estavam se divorciando. Carlo parece tão envolvido emocionalmente na vida das pessoas”, acrescentou.

Maria Roberts, uma programadora de computador de 26 anos, está emocionada com o fato de sua profissão estar prestes a ter seu próprio santo padroeiro e acredita que Acutis é um bom exemplo de como os católicos devem usar a internet.

“É importante que nós, como católicos, pensemos como a tecnologia pode ser usada para o bem e para a evangelização, e não como uma forma de tirar vantagem dos outros ou desmoralizar os jovens”, acrescentou.

Para Roberts, “há tanto bem a fazer e tanto sofrimento hoje em dia, que os jovens devem saber que seus talentos podem ser usados ​​para a glória de Deus de muitas maneiras por meio dos avanços tecnológicos”.

A idade de Acutis também foi uma espécie de chamada de atenção espiritual para alguns jovens católicos.

"O fato de que estivemos vivos ao mesmo tempo e tenhamos uma idade tão próxima parece ressaltar ainda mais a lacuna entre nossos 'níveis' de santidade”, disse à CNA Taylor Hyatt, jovem canadense de 28 anos que nasceu no mesmo ano que Acutis,.

“Eu realmente aprecio seu profundo amor pela Eucaristia e seu interesse pela internet. Compartilhamos esses interesses desde quando eu tinha a idade dele até hoje”, disse Hyatt, destacando o interesse de Acutis pelos direitos das pessoas com deficiência, uma causa na qual também está envolvido.

Pe. Paul, um sacerdote recentemente ordenado em Ontário, Canadá, foi mais direto na avaliação de sua vida em contraste com a de Acutis. “Para mim, pessoalmente, saber o quão santo era o beato Carlo me faz sentir um lixo. Eu nasci no mesmo ano que ele e quando era adolescente não era particularmente santo”, disse.

O sacerdote contou que na semana passada falou sobre Acutis em um encontro “com o nosso grupo de jovens adultos”. “Eu mostrei a eles a foto de seu túmulo e mais de uma pessoa comentou que ele usava roupas normais, jogava videogame e era bom com computadores”, relatou.

Explicou que costumava usar como exemplo o beato italiano Pier Giorgio Frassati, falecido aos 24 anos em 1925, para que os jovens se identificassem, e afirmou que "talvez o beato Carlo pudesse ser um exemplo melhor hoje em dia pelo quão contemporâneo é".

Para muitos entrevistados por CNA, a "normalidade” de Acutis é o que o torna tão interessante. Acutis “é alguém que podemos olhar e literalmente nos imaginar. Ele está enterrado com as roupas que vestia quando era adolescente”, disse Alex Treviño, de 30 anos, de Dallas, Texas.

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O jovem afirmou que a beatificação de Acutis mostra aos jovens “que não é preciso ser sacerdote, bispo ou mesmo Papa para ser santo. Precisamos ver como Igreja que a santidade, o Céu e a vida eterna com Deus são reais e realizáveis ​​”, frisou.

Ani, uma jovem de 24 anos, do Texas, descreveu Acutis como "um cara normal que cresceu católico como todos nós, adoeceu como muitas pessoas e construiu um site para postar sobre seus interesses particulares como nós fazemos".

“Falamos muito sobre santidade na vida cotidiana em Schoenstatt, o conceito de fazer as coisas extraordinariamente bem. Acho que Carlo é talvez o primeiro santo que vi que tinha uma maneira realmente normal, humana e viável de fazer isso”, assinalou.

A jovem também observou que Acutis "não teve nenhuma influência sobrenatural em nenhum momento" de sua vida, ao contrário de outros santos que morreram jovens como Santa Catarina Tekakwitha, Santa Teresa ou Santa Maria Goretti.

“Sem visões, sem tilma, sem estigmas. Apenas um jovem e seu computador e seu amor por Deus. Isso é ótimo", concluiu.

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

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