Na Audiência Geral desta quarta-feira, 30, realizada no pátio de São Dâmaso dentro do Vaticano, o Papa Francisco pediu que “Deus nos conceda ‘viralizar’ o amor e globalizar a esperança à luz da fé” através da ternura.

Em sua catequese titulada “preparar o futuro junto de Jesus que salva e cura” o Papa destacou que é necessário refletir à luz do Evangelho “sobre como curar o mundo que sofre de um mal-estar que a pandemia  realçou e acentuou” e reiterou que “já havia o mal-estar: a pandemia realçou-o mais, acentuou-o”.

“Jesus, que renova e reconcilia cada criatura, concede-nos os dons necessários para amar e curar como ele sabia fazer, para cuidar de todos sem distinção de raça, língua ou nação”, advertiu.

Além disso, o Santo Padre recordou que nas semanas anteriores expôs em sua catequese alguns princípios da doutrina social da Igreja “deixando-nos guiar pela fé, pela esperança e pela caridade”, e entre os temas abordados estiveram “os caminhos da dignidade, da solidariedade e da subsidiariedade, caminhos indispensáveis para promover a dignidade humana e o bem comum”.

“E, como discípulos de Jesus, começamos a seguir os seus passos, optando pelos pobres, reconsiderando o uso dos bens e cuidando da casa comum” disse o Papa que acrescentou que “encontramos uma ajuda sólida para sermos agentes de transformação que fazem sonhos  grandiosos, que não se detêm nas mesquinharias que dividem e magoam, mas encorajam a gerar um mundo novo e melhor”.

Nesta linha, o Santo Padre acrescentou que “gostaria que este percurso não termine com estas minhas catequeses, mas que possamos continuar a caminhar juntos, “mantendo os olhos fixos em Jesus”, como ouvimos no início; o nosso olhar em Jesus que salva e cura o mundo. Como o Evangelho nos mostra, Jesus curou os doentes de todos os tipos, restituiu a vista aos cegos, a palavra aos mudos e audição aos surdos. E quando curava doenças e enfermidades físicas, também curava o espírito perdoando pecados, porque Jesus perdoa sempre, bem como as «dores sociais» incluindo os marginalizados”.

Ao referir-se aos efeitos da pandemia, o Papa assinalou a importância da contribuição “para a cura das relações com os nossos dons e capacidades” para “regenerar a sociedade e não voltar à chamada “normalidade”, que é uma normalidade doentia, aliás, estava doente já antes da pandemia: a pandemia realçou-a, porque esta normalidade estava doente de injustiças, desigualdades e degradação ambiental”.

Para isso, o Santo Padre explicou que a ‘normalidade’ a que somos chamados “é a do Reino de Deus” onde “o pão chega a todos e sobra, a organização social baseia-se em contribuir, partilhar e distribuir, não em possuir, excluir e acumular” porque “no final da existência nada levaremos para a outra vida” e sublinhou a importância da ternura que “é o próprio sinal da presença de Jesus”.

Neste sentido, o Papa reconheceu que “um pequeno vírus continua a causar feridas profundas e a expor as nossas vulnerabilidades físicas, sociais e espirituais” e acrescentou que este pequeno vírus tem exposto também “a grande desigualdade que reina no mundo: desigualdade de oportunidades, de bens, de acesso aos cuidados médicos, à tecnologia” como por exemplo “milhões de crianças não podem ir à escola”.

“E isto fez com que muitas pessoas perdessem a esperança e aumentou a incerteza e a angústia. É por isso que, para sair da pandemia, temos de encontrar a cura não só para o coronavírus - que é importante! - mas também para os grandes vírus humanos e socioeconômicos”, advertiu.

Deste modo, o Papa animou a “nos pôr a trabalhar urgentemente para gerar boas políticas, para conceber sistemas de organização social que recompensem a participação, o cuidado e a generosidade, e não a indiferença, a exploração e os interesses particulares” e adicionou que “devemos ir em frente com ternura”.

“Uma sociedade solidária e equitativa é uma sociedade mais saudável. Uma sociedade participativa - onde os ‘últimos’ são considerados os ‘primeiros’ - fortalece a comunhão”, afirmou o Papa.

Finalmente, o Santo Padre convidou a colocar “este caminho de cura sob a proteção da Virgem Maria, Nossa Senhora da Saúde. Ela, que carregou Jesus no seu ventre, nos ajude a ter confiança. Animados pelo Espírito Santo, poderemos trabalhar juntos para o Reino de Deus que Cristo inaugurou, vindo até nós, neste mundo. É um Reino de luz no meio da escuridão, de justiça no meio de tantos ultrajes, de alegria no meio de tanta dor, de cura e salvação no meio da doença e da morte, de ternura no meio do ódio”.

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