O ex-Presidente tcheco Vaclav Havel enviou uma carta aos promotores do Projeto Varela –que colhe assinaturas para conseguir um referendo a favor de mudanças políticas em Cuba- e assegurou que esta iniciativa dissidente demonstra que o governo cubano mente ao povo.

O Projeto Varela é que ''demonstra que o regime (cubano) mente'' porque “não atendeu ao pedido de uma mudança  política sobre a base da Constituição vigente”, indicou  Havel, na carta enviada há três meses a Oswaldo Payá –líder do projeto- e publicada este mês pela revista mexicana Letras Libres.

Na missiva, o intelectual tcheco também reiterou seu desejo de continuar  apoiando as ações de Payá.

Segundo a Constituição Cubana que o governo de Castro diz respeitar, se os cidadãos apresentam  10 mil assinaturas se pode solicitar um referendo. Entretanto, desde o ano 2002, o Projeto  Varela apresentou 25 mil assinaturas ao Parlamento cubano e até agora não consegue uma resposta das autoridades.

O pedido do Projeto Varela é conseguir mudanças democráticas nas leis da ilha mediante um referendo.

Além de desconhecer o pedido dos cidadãos, o governo iniciou uma campanha de repressão e prisão contra seus propositores.

Neste contexto, Havel explicou em sua carta que “cada vez um maior número de cubanos  vê que a única ameaça é a própria existência do sistema totalitário”.

“Não é possível ver de fora os movimentos intrínsecos de uma sociedade dirigida por um governo totalitário, já que os donos do poder fingem, não só a seus cidadãos, mas a si mesmos, e ocultam a realidade”, acrescentou.

Segundo o ex mandatário, “cedo o tarde chegará o dia em que a oposição atual se tornará o foco das discussões sobre o futuro de Cuba. A maneira em que terminarão os dias do regime repressivo será sumamente importante para o desenvolvimento e o posicionamento da oposição”.