O Bispo Auxiliar de Belo Horizonte (MG), Dom Vicente Ferreira, participou na manhã desta sexta-feira da Missa celebrada pelo Papa Francisco na Casa Santa Marta, no Vaticano, ocasião em que rezou pelas vítimas da tragédia de Brumadinho, a qual completou um ano no último dia 25 de janeiro.

Além do Prelado, também estiveram presentes Frei Rodrigo Peret, da Rede Igrejas e Mineração da Arquidiocese de Belo Horizonte/ Renser/Brumadinho, e Padre Dario Bossi, missionário italiano provincial dos combonianos no Brasil.

Em um vídeo gravado por Vatican News, Dom Vicente Ferreira indicou que foi “uma alegria muito grande participar da Missa presidida pelo Papa Francisco e depois pedir a ele a bênção, dizer sobre Belo Horizonte e, sobretudo, de Brumadinho”.

“Ao celebrarmos este ano 5 anos da Laudato Si e também a conclusão do Sínodo da Amazônia, com a exortação apostólica Querida Amazônia, todo esse cenário de ecologia integral, de uma conversão ecológica que o Papa Francisco nos pede, eu penso que Brumadinho é, para nós, uma voz que deve ecoar mundo afora, para que nós possamos sempre lutar e rezar para que nunca mais aconteça isso e, de fato, nós possamos viver uma conversão ecológica de cuidado com a casa comum e com o ser humano”, acrescentou.

Dom Vicente Ferreira é o bispo responsável pelas ações de amparo da Igreja Às vítimas do rompimento da barragem de rejeitos de mineração em Brumadinho, ocorrida em janeiro de 2019. O Prelado se encontra em viagem pela Europa, onde cumpre extensa agenda sobre a questão ambiental.

De acordo com a Arquidiocese de Belo Horizonte, entre os compromissos do Bispo Auxiliar nestes dias está a participação na 43ª Sessão da Comissão de Direitos Humanos da ONU sobre Meio-ambiente, em Genebra, no dia 3 de março.

Em entrevista a Vatican News, Dom Vicente falou sobre o rompimento da barragem em Brumadinho e ressaltou que, passado um ano, vê “a resistência de um amor que não desiste”, o qual “é mariano”, comparando este momento com o de Maria aos pés da Cruz.

“A grande resistência hoje que vem de Brumadinho é das mulheres, das mães que continuam procurando seus filhos, são onze ainda que estão desaparecidos, das mães que estão chorando, mas estão celebrando, confiantes. Até mesmo a nossa equipe de trabalho são todas mulheres, jovens”, disse.

O Prelado também comentou a exortação apostólica pós-sinodal “Querida Amazônia” e, ao falar sobre os quatro sonhos do Papa Francisco expressos no documento (cultural, social, ecológico e eclesial), revelou que seu “sonho é que Brumadinho pudesse ser para humanidade um caso especial, que a gente tem que se debruçar sobre isso para aprender alguma coisa, porque o meu medo é que Brumadinho seja mais um caso e passe”.

“Eu sei que pode ser uma coisa meio utópica, mas eu peço a Deus que seja assim, que a gente aprende e diga: nunca mais queremos isso para a humanidade. Nós honraríamos pelo menos o sangue dessas 272 pessoas que, inocentemente, morreram em frações de segundo por esse mar de lamas. Inclusive é por isso que nós estamos aqui”, concluiu.

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