Diante do debate na Assembleia da República sobre a despenalização da eutanásia em Portugal, o Bispo de Leiria-Fátima, Cardeal António Marto pediu “que ninguém seja suprimido à vida sob pretexto de aliviar a dor”.

O Purpurado fez esta declaração nesta quinta-feira, 20 de fevereiro, ao celebrar a Missa pela festa dos Santos Francisco e Jacinta Marto, na Basílica da Santíssima Trindade, no Santuário de Fátima, ocasião em que se recorda também o centenário de falecimento de Santa Jacinta.

Neste mesmo dia, a Assembleia da República portuguesa realiza o debate dos projetos dos partidos BE, PS, PAN e PEV sobre a despenalização da eutanásia. O tema já havia sido debatido em maio de 2018, quando propostas desses partidos foram discutidas e rejeitadas pelo Parlamento.

Conforme informa o site do Santuário de Fátima, o Cardeal Marto citou o exemplo de Santa Jacinta como “uma candeia” da qual “a luz da compaixão resplandece para nós”. Nesse sentido, ressaltou que “o amor compassivo é tão importante, e traduz-se em gestos, atitudes e apoios para todos aqueles que sofrem em situações limite”.

Assinalou, então, que “todos nós devemos ser luz deste amor que se transpõe em cuidados concretos, médicos, psicológicos, afetivos, espirituais e apoios, para que ninguém seja suprimido à vida sob pretexto de aliviar a dor”.

De acordo com o Bispo, cotidianamente, cada pessoa é interpelada a viver o “sentido de compaixão na cultura atual, marcada pelo individualismo e indiferença pelo sofrimento dos outros, pelo abandono e marginalização daqueles que são um peso, dos que são pobres, dos que não produzem recursos suficientes”.

Portanto, indicou que, para o cristão dos dias atuais, o caminho é “o de partilhar o sofrimento dos outros, e do mundo, e testemunhar a luz, a força e o calor da fé e do amor”. Assim, observou que “um desafio para a Igreja de hoje” é “ser uma presença ativa de compaixão”.

Para o Cardeal, Santa Jacinta Marto “convida a uma descoberta que mostra que Jesus Cristo é o centro da nossa vida espiritual e sem esta relação não há fé que aguente este tempo, em que vivemos uma espécie de ‘eclipse de Deus’, ou do sentido da presença de Deus, que se nota na cultura dominante e da própria sociedade, onde se sente uma indiferença e uma ignorância de Deus, e a tentação de viver como se Deus não existisse, que é algo que contagia as comunidades cristãs”.

Este é, para o Bispo de Leiria-Fátima, “o grande desafio que hoje se impõe ao anúncio do evangelho e à transmissão viva e alegre da fé”, pois, se não houver testemunho “alegre” da fé, “não somos testemunhas credíveis de Deus”. 

“Deus não nos deixa sós, consola-nos, conforta-nos, dá-nos força, ajuda-nos a compreender a mensagem da compaixão de Deus, que Santa Jacinta aprendeu e empreendeu ao longo da sua curta vida”, completou.

Confira também: