Na véspera do debate em Portugal sobre a possibilidade de legalizar a prática da eutanásia, um grupo de jovens católicos entregou um documento aos parlamentares pedindo que digam ‘sim’ à vida e ‘não’ ao suicídio assistido.

A iniciativa partiu de um grupo de jovens ligados aos Centros Universitários da Companhia de Jesus, os quais entregam nesta quarta-feira aos deputados da Assembleia da República uma Carta Aberta, intitulada “Prevenir o que não se pode remediar”.

O documento, segundo assinala Agência Ecclesia, do episcopado português, foi assinado por 2 mil jovens entre 16 e 30 anos e nele os signatários alertam que a aprovação da eutanásia por parte do Parlamento “poderá constituir um irremediável erro, que ainda é possível prevenir”.

A Carta Aberta foi promovida por conta do debate dos projetos de lei dos partidos BE, PS, PAN, PEV e IL sobre a despenalização da eutanásia em Portugal, agendado para amanhã, 20 de fevereiro.

“Partilhamos com quem apresenta os projetos de lei que serão discutidos no dia 20 a preocupação com o sofrimento, a doença, a dignidade, a solidão, e a dificuldade de lidar com a morte”, afirma os jovens na carta.

No entanto, advertem que nenhum dos parlamentares “poderá garantir que os efeitos da rampa deslizante não se farão sentir em Portugal” ou “poderá garantir uma infalível aplicação da lei”.

“E quando o que está em causa é a vida, nenhum erro ou precipitação se poderá remediar. Resta apenas prevenir”, assinalam, ao ressaltar que “há muito por fazer na atenção a quem sofre”.

Os jovens também fazem referência ao debate de 2018 na Assembleia da República de projetos sobre a despenalização da eutanásia, que foram rejeitados em uma votação nominal dos deputados. Nesse sentido, recordam que, “já nesse momento, a discussão foi escassa e não esclareceu a opinião pública”.

Além disso, afirmam ter “dificuldade em compreender os argumentos da liberdade e da autonomia” do doente como justificativa para a eutanásia.

“Não estamos a falar de desligar um suporte artificial de vida ou interromper tratamentos desnecessários. Essas possibilidades já estão reguladas, respeitando a liberdade do doente e dos profissionais de saúde. Aqui trata-se de um médico provocar a morte de um doente e para isso não basta citar o princípio da liberdade individual”, dizem.

Nesse sentido, indicam que a eutanásia torna a morte assistida “num ato médico, mas também num ato jurídico”, e que transforma profissionais de saúde em “juízes da vida e da morte”.

“Se a lei for incorretamente aplicada, o resultado é a morte indevida de alguém. E esse erro é irremediável, pois a morte é irremediável”, acrescentam, questionando ainda como se lida com casos em que o doente pede para morrer “devido a outros motivos que não a sua doença”, como o medo de sofrer ou de ser um peso para os outros, a solidão ou o abandono.

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