As autoridades da China ofereceram uma compensação a uma comunidade católica pela demolição de sua igreja; uma oferta que chega depois que um grupo de sacerdotes e paroquianos se entrincheirou nas portas do templo como sinal de protesto.

Em uma aparente concessão aos manifestantes, funcionários do governo fizeram um acordo para fornecer um terreno para a reconstrução da igreja localizada em Wu Gao Zhang, parte do distrito de Guantao, na província de Hebei. Também foi oferecido dinheiro para compensar a destruição do edifício original.

Os católicos realizaram uma vigília noturna em sua paróquia em 31 de outubro, depois que as autoridades locais disseram que a igreja seria destruída devido a uma suposta falta de permissão de construção. Os fiéis insistem que o templo foi totalmente aprovado pelo governo chinês, apesar da disputa.

Aos paroquianos se juntaram sacerdotes da Diocese de Handan. Vários dos sacerdotes passaram a ajudar com as negociações entre a comunidade católica e os funcionários do governo durante toda a noite.

Após várias horas de negociações, o regime chinês fez um acordo para proporcionar terras e compensações para reconstruir a igreja em outro lugar. Embora os sacerdotes pedissem que a terra fosse entregue imediatamente, antes da demolição do templo, não estava claro se isso aconteceria imediatamente.

A igreja foi demolida como programado.

A igreja em Wu Gao Zhang tinha apenas um ano e havia sido consagrada e aberta em 15 de agosto de 2018, durante a Solenidade da Assunção de Maria. Tinha sido construída em terras agrícolas que os paroquianos haviam comprado, pois o templo antigo era pequeno demais para sua crescente congregação.

Segundo UCA News, o novo edifício não tinha uma permissão do Departamento de Assuntos Religiosos da China para operar como local de culto. Isso significava que tinha que ser demolido, embora outros escritórios burocráticos tivessem feito acordos verbais para permitir a construção da igreja.

Anteriormente, UCA News também informou que muitas igrejas foram construídas apenas com acordos verbais sem nenhuma dificuldade por parte das autoridades governamentais. Um sacerdote da Diocese de Hanban, que falou com UCA News, disse acreditar que o governo chinês estava determinado a demolir o prédio da igreja devido a preocupações de que a diocese estava crescendo rápido demais.

"Desmantelam as igrejas sem fornecer nenhum documento oficial", disse o sacerdote.

Durante o protesto inicial no edifício da igreja, informou-se que os funcionários chineses afirmaram que "o Vaticano estava do nosso lado" e os apoiaria derrubando as igrejas.

Segundo relatos, funcionários públicos afirmam que "o Vaticano nos apoia" e ordenaram a destruição de outras 40 igrejas.

Durante décadas, a Igreja na China ficou dividida entre a Associação Católica Patriótica Chinesa, uma igreja estatal sob o controle do Partido Comunista Chinês, e a Igreja clandestina, que estava em plena comunhão com a Santa Sé. O acordo de 2018, cujos detalhes não foram publicados, pretendia unificar as duas comunidades eclesiásticas, embora vários relatos da China indiquem que sacerdotes e leigos que se recusam a adorar nas igrejas administradas pelo governo enfrentam uma maior perseguição.

Nas províncias de Jiangxi e Fujian, no leste da China, os sacerdotes que se negaram a assinar acordos que os vinculavam aos regulamentos do governo foram expulsos de suas casas e tiveram suas igrejas fechadas. O governo chinês proibiu que os sacerdotes que não estejam de acordo viajem e muitos foram obrigados a se esconder.

Em julho e agosto, pelo menos cinco igrejas católicas na Diocese de Yujiang foram fechadas à força pelo governo, devido à sua recusa em ingressar na Associação Católica Patriótica Chinesa.

Em meados de agosto, oficiais do governo ameaçaram prender um sacerdote clandestino e revogar subsídios básicos do governo a todos os católicos da cidade de Yingtan depois que sua paróquia se recusou a se juntar à Igreja patrocinada pelo Estado.

Confira também: