Após as eleições presidenciais e parlamentares de 27 de outubro na Argentina, a causa pró-vida no país enfrenta um panorama complexo, com um novo presidente, Alberto Fernández, que se ofereceu para legalizar o aborto.

Em diálogo com ACI Prensa, agência em espanhol do Grupo ACI, Santiago Santurio, diretor da Votá 2 Vidas, assinalou que “estamos em um cenário complexo, onde o Congresso tem uma maioria de deputados verdes e abortistas e, por outro lado, no Senado, há uma maioria pró-vida , mas uma maioria muito frágil".

Santurio alertou que esta maioria no Senado argentino é muito escassa, e “há alguns senadores que, apesar de terem votado contra (o aborto) em 2018, temos dúvidas de que votarão novamente assim caso se abra um novo debate". "A situação é complexa", acrescentou.

Em 27 de outubro, Alberto Fernández, que tem Cristina Fernández de Kirchner como vice-presidente, venceu a eleição presidencial com 48,1% dos votos. Em segundo lugar, ficou o atual presidente da Argentina, Mauricio Macri, com 40,37%.

Cristina Fernández de Kirchner foi presidente da Argentina em dois períodos entre 2007 e 2015. Antes disso, entre 2003 e 2007, foi a primeira-dama do país quando seu falecido marido Néstor Kirchner governou.

As eleições parlamentares elegeram 150 deputados abortistas contra 113 a favor das duas vidas. No Senado, 37 dos ganhadores se declararam pró-vidas e 34 como promotores do aborto.

Santiago Santurio assinalou que, embora o resultado não pareça totalmente positivo "porque acabamos tendo menos legisladores do que tínhamos até este ano", por outro lado, observam-se conquistas como o fato de que "em algumas províncias tenham entrado mais legisladores pró-vida do que o esperado”.

Além disso, enfatizou que nas eleições gerais foram alcançados melhores resultados do que nas prévias PASO (Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias).

"Notou-se claramente um crescimento do movimento pró-vida e que o voto celeste, o voto pró-vida, teve um grande peso nisso", destacou.

Além disso, Santurio lembrou a mudança de Mauricio Macri, que durante seu governo abriu as portas para o debate sobre a descriminalização do aborto e teve um ministro abortista, mas que no período eleitoral “saiu com o lenço celeste para dizer que estava a favor das duas vidas".

"Fez isso, é claro, porque viu que ganhava votos e era conveniente ser pró-vida no momento das eleições", afirmou.

"No futuro, os políticos saberão que estar a favor do aborto lhes tirará votos e que é conveniente fazer uma política de valores e defender as duas vidas", acrescentou.

O diretor da Votá 2 Vidas, no entanto, ressaltou que os pró-vidas na Argentina “temos muito trabalho pela frente”, pois “a democracia não é apenas participar das eleições, mas depois das eleições, devemos acompanhar de perto os legisladores, acompanhar de perto o Poder Executivo , continuar controlando, reivindicando e, acima de tudo, fazer com que nossas demandas sejam ouvidas".

Além disso, afirmou: “temos que trabalhar mais unidos, mais organizados, de maneira mais estratégica, adotando ações mais concretas para que as pessoas se conscientizem da importância das duas vidas, defendam as duas vidas e vão contra a cultura da morte".

"E, sobretudo, em oração e com boas intenções", disse.

"Isso foi fundamental para obter a rejeição ao aborto em 2018 e agora é fundamental para manter a Argentina em defesa das duas vidas", concluiu.

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