Os líderes religiosos da África do Sul condenaram a atual xenofobia no país, que assumiu a forma de "violência deplorável, assassinatos e saques". Do mesmo modo, pediram aos líderes políticos que desistam de promover o vício.

"Os líderes contribuíram para esta triste situação (xenofobia) com seus comentários populistas e irresponsáveis ​​por conveniência política", lê-se em um comunicado do Instituto Jesuíta da África do Sul consultado por ACI África.

Desde a última segunda-feira, registrou-se uma onda de ataques contra negócios localizados em bairros humildes, pertencentes a estrangeiros, principalmente da Nigéria e da Somália.

Pequenos negócios de lojas de comidas e dispositivos eletrônicos foram queimados e saqueados por manifestantes sul-africanos, que acusam os estrangeiros de serem responsáveis pela falta de emprego e insegurança na região. Segundo o jornal ‘La Vanguardia’, há quase uma centena de presos em Johannesburgo e em outras cidades sul-africanas.

"As palavras têm o poder e a capacidade de influenciar", continua o comunicado do instituto jesuíta, assinalando que a retórica xenofóbica conduz a um comportamento xenofóbico e que essa situação deve parar.

Essa declaração ecoa o que foi dito pelo Cardeal Wilfrid Napier, da Arquidiocese de Durban, na África do Sul, que pediu aos políticos que parem de "provocar sentimentos contra estrangeiros".

Por meio dessas declarações, os líderes religiosos desejam que os líderes políticos implicados se desculpem publicamente.

"Os líderes que fizeram comentários irresponsáveis ​​devem pedir desculpas publicamente a todos que vivem na África do Sul", disseram. Da mesma forma, exortaram os líderes políticos a "terem a coragem de assumir a responsabilidade por suas próprias palavras".

Devido aos distúrbios, vários países alertaram seus cidadãos para não viajarem para a África do Sul. Da mesma forma, a onda de violência causou um conflito diplomático entre a Nigéria e a África do Sul antes do Fórum Econômico Mundial, na Cidade do Cabo, e da visita oficial do presidente nigeriano, Muhammadu Buhari.

Através de um comunicado, o governo nigeriano considerou os ataques às pessoas afetadas como “inaceitáveis”. "Já basta. A Nigéria tomará medidas para garantir definitivamente a segurança e a proteção de seus cidadãos”, expressaram.

Esta não é a primeira vez que a nação experimenta xenofobia. O Centro Africano de Migração e Sociedade Xenowatch monitora a xenofobia desde que o país conquistou a independência, em 1994.

Segundo um relatório do centro, em 2008 e 2015 o país experimentou um pico de violência. Geralmente, os casos de violência xenofóbica na África do Sul são desencadeados por acusações contra migrantes, a quem culpam ​​de deixar os sul-africanos desempregados.

O Instituto Jesuíta admitiu em seu comunicado que as pessoas estão frustradas e com raiva. "Devemos admitir que, por trás de grande parte da frustração e da raiva, há um desespero pela falta de prestação de serviços, pelo empoderamento econômico e pela segurança de nosso próprio povo", disseram.

Por sua vez, a Conferência de Igrejas da África do Sul (SACC) assinalou que os sul-africanos estão enfrentando desemprego e pobreza, mas que essa situação não deve ser uma justificativa para atos de xenofobia.

"A realidade da pobreza e do desemprego para os sul-africanos negros é uma dura realidade", afirmaram. Mesmo assim, "não deve ser um motivo para as pessoas participarem de atividades criminosas".

Por sua vez, o Bispo da Diocese de Klerksdrop, Dom Víctor Hlolo, pediu aos sul-africanos que controlem suas frustrações, mas que também pressionem o governo a agir em benefício do povo.

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“Controlem suas frustrações nesta área. Pressionem o próprio governo pelo qual vocês votaram, porque o governo deve agir por vocês e pelos seus interesses”, explicou.

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