O Arcebispo de Manágua (Nicarágua), Cardeal Leopoldo José Brenes, pediu à Organização dos Estados Americanos (OEA) que também dialogue com as vítimas da crise sociopolítica que atingiu o país.

"Espero que as pessoas que vão ser enviadas não conversem somente com os grandes líderes, mas também possam ir às bases", expressou o Cardeal após a Missa dominical. Além disso, pediu para que "desçam aos bairros" para escutar o sentimento "das pessoas a pé, não daquelas que andam de caminhonete ou de quem viaja, mas daquelas que estão abaixo".

Nesse sentido, falou sobre a importância de conversar com aqueles que permanecem e conhecem a situação em primeira mão. "Se vierem, esse seria meu pedido, conversar com todos, de maneira especial com aqueles que sempre ficamos aqui", disse o Arcebispo de Manágua ao concluir uma Missa na catedral da capital.

O Cardeal Brenes, que também é presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN), presidiu na Catedral de Manágua a Missa dos 381 anos da permanência da Imagem do Sangue de Cristo na cidade.

O Purpurado recordou a importância da paz e de conhecer o verdadeiro significado que Jesus nos ensina. "Todos falamos de paz, mas cada um tem conceitos muito diferentes. Temos que descobrir qual é a paz que o Senhor nos propõe: uma paz que leva à concórdia, quebra inimizades, leva à verdade. É baseada no amor", afirmou.

Do mesmo modo, assinalou que a Igreja sempre considerou que as manifestações devem ser pacíficas, cívicas, sem violência e sem ataques. "O importante é expressar nossas ideias com argumentos fortes. Os protestos são aceitos pela Igreja desde que sejam pacíficos", disse Dom Brenes.

A crise na Nicarágua começou em abril de 2018 durante os protestos contra as reformas do sistema de saúde e da previdência realizadas pelo governo de Daniel Ortega.

Durante esse tempo, em várias ocasiões, bispos, sacerdotes e templos foram atacados por paramilitares ligados ao regime. Um dos casos mais conhecidos foi o atentado de 9 de julho de 2018 contra o Cardeal Brenes, Dom Silvio José Báez e o Núncio Apostólico, Dom Waldemar Stanilaw Sommertag, durante a sua visita pastoral à Basílica Menor de São Sebastião, em Diriamba, da Arquidiocese de Manágua.

Crise na Nicarágua

Durante a sessão de encerramento da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos, em 28 de junho, em Medellín (Colômbia), os países membros dessa organização aprovaram a resolução "A situação na Nicarágua".

Esta estabelece que uma comissão da OEA realizará esforços diplomáticos de alto nível para tentar resolver a situação de crise no país. Da mesma forma, a comissão deve apresentar um relatório no prazo máximo de 75 dias.

A votação foi concluída com 20 votos a favor, 5 contra, incluindo a Nicarágua, uma abstenção e um ausente.

O texto insiste na importância de retomar o diálogo, o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, bem como "a entrada da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e seus mecanismos, assim como outros mecanismos internacionais de direitos humanos ao país".

Segundo a OEA, o texto desta resolução "será oficial quando a Secretaria da Assembleia Geral o publicar com as notas de rodapé correspondentes".

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