MANÁGUA, 11 de abr de 2019 às 11:00

O Cardeal Leopoldo Brenes, Arcebispo de Manágua, informou que o Papa Francisco pediu ao seu Bispo Auxiliar, Dom Silvio Baez, que vá servir a Igreja em Roma, por isso ele deixará a Nicarágua depois da Semana Santa.

Em uma coletiva de imprensa realizada em 10 de abril, o Cardeal explicou que este pedido foi feito pelo Santo Padre há 15 dias, quando recebeu Dom Báez em uma audiência privada no Vaticano.

Em diálogo fraterno, explicou o Cardeal, o bispo compartilhou com o Papa os detalhes de seu ministério episcopal, o trabalho social e "parte do nosso trabalho social que ele e a conferência episcopal desenvolvem com o povo sofredor de nossa pátria. O Santo Padre ouviu com muita atenção".

Mais Lidas

"Ao final, o Santo Padre expressou algumas de suas preocupações e pediu a Dom Báez, por vontade dele, que possa ir a Roma por um tempo. Isso nós dois estamos conversando, a possibilidade de quando ir a Roma. O Santo Padre lhe pediu para ir a Roma por um tempo, não disse por quanto tempo, mas não seria uma questão permanente".

"Estamos vendo que isso possa ser feito no tempo da Páscoa, depois de termos feito todo o nosso trabalho pastoral nas celebrações da Semana Santa", indicou o Cardeal.

Mesmo estando em Roma, disse o Cardeal Brenes, Dom Silvio Báez "durante todo esse tempo continua sendo meu Bispo Auxiliar, de modo que o tempo que vai estar em Roma o Santo Padre verá o ofício que vai lhe solicitar".

O Cardeal explicou que Dom Báez fará esta transferência em espírito de obediência ao Papa. "Quando somos ordenados bispos, o bispo que consagra pergunta: ‘Você quer ser fiel e obediente ao Sucessor de Pedro?’ Como bispo, temos a obediência ao Santo Padre e aí estamos", destacou o Cardeal.

Por seu lado, Dom Silvio Báez esclareceu que não pediu ao Papa para deixar o país. "Eu não pedi para deixar a Nicarágua. Quero deixar claro que meu coração sempre esteve aqui na minha terra, na minha pátria e no meio do meu povo. O meu coração de pastor permanecerá aqui na Nicarágua", destacou.

"Eu não abandono o povo de Deus, onde quer que eu vá, irei carrega-lo no meu coração de pastor. Eu não vou ignorar a Nicarágua", acrescentou.

O Bispo Auxiliar de Manágua disse também que sentiu tristeza por este pedido, mas que o assume de boa vontade. "Essa decisão do Santo Padre que aceitei e assumi fez meu coração chorar", compartilhou.

"Minha vida esteve continuamente ameaçada, mas nada disso paralisou o meu ministério, nem para continuar com o evangelho e continuar fazendo críticas construtivas”, assinalou também Dom Silvio Báez, que é Bispo Auxiliar de Manágua há 10 anos e em todo este tempo colaborou de forma muito próxima com o Cardeal Brenes.

Dom Báez é talvez um dos prelados mais críticos do regime do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, por causa da grave crise que afeta o país desde abril de 2018, o que lhe rendeu vários ataques dos apoiadores do governo nicaraguense.

Confira também: