No voo de regresso do Marrocos para Roma, o Papa Francisco criticou a "superficial condenação dos meios de comunicação social" contra sacerdotes acusados de abusos sexuais sem respeitar a presunção de inocência e, portanto, sem que o crime tenha sido comprovado, arruinando a vida de presbíteros que são considerados inocentes.

Ao ser perguntado sobre o caso do Cardeal francês Philippe Barbarin, cuja renúncia não aceitou há poucos dias, o Papa explicou que sua decisão "é importante porque vai contra a superficial condenação dos meios de comunicação social. 'Oh, você fez isso', mas olhe, o que diz o juiz? O que diz a jurisprudência mundial? Que, se um caso está aberto, existe a presunção de inocência. Talvez não seja inocente, mas há a presunção".

“Muitas vezes... uma vez falei de um caso na Espanha sobre como a condenação dos meios de comunicação social arruinou a vida de sacerdotes que foram depois reconhecidos inocentes. Antes de fazer a condenação mediática, pensem duas vezes", acrescentou, no domingo, 31 de março.

Na coletiva de imprensa concedida no voo papal, o Santo Padre respondeu a uma pergunta sobre "o Cardeal Barbarin, homem da Igreja, que pediu demissão" do cargo de Arcebispo de Lyon.

Em 7 de março, o Cardeal Barbarin anunciou à imprensa sua decisão de renunciar ao cargo depois que um tribunal francês o condenou a seis meses de prisão com pena suspensa, por não denunciar os abusos sexuais contra menores cometidos por um sacerdote nas décadas de 1970 e 1980.

O Purpurado, que se declarou inocente, comunicou sua decisão pessoalmente ao Papa, em 18 de março, durante um encontro privado no Vaticano. No entanto, o Santo Padre não aceitou a renúncia.

No voo de volta do Marrocos, Francisco disse: "Eu não posso moralmente aceitá-la porque, juridicamente, mas também na jurisprudência mundial clássica, há a presunção de inocência durante o tempo em que a causa está aberta".

"Ele apelou e a causa está aberta. Depois, quando o segundo tribunal dá a sentença, vemos o que acontece. Mas tem sempre a presunção de inocência", indicou o Papa.

O Pontífice explicou que o Cardeal francês "disse: ‘eu me retiro, peço uma licença voluntária e deixo ao Vigário Geral administrar a arquidiocese até que o tribunal dê a sentença final’".

Embora o Santo Padre não tenha aceitado a renúncia do Cardeal, este decidiu se retirar voluntariamente do governo da Arquidiocese de Lyon, que ficou a cargo do vigário-geral, Pe. Yves Baumgarten.

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