O Papa Francisco recebeu nesta sexta-feira, 8 de março, os participantes da Conferência Internacional "As religiões e os objetivos do desenvolvimento sustentável: ouvir o grito da terra e dos pobres" e lhes pediu que façam "compromissos concretos para promover o verdadeiro desenvolvimento de forma sustentável".

Esta iniciativa, organizada pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e pelo Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, ocorre no Vaticano de 7 a 9 de março.

Durante seu discurso, o Papa solicitou respostas e compromissos concretos "através de processos abertos à participação de pessoas. Propostas concretas para facilitar o desenvolvimento dos necessitados".

"Medidas econômicas concretas que levem seriamente em consideração a nossa casa comum. Compromissos éticos, civis e políticos concretos para se desenvolver ao lado da nossa irmã terra, e não apesar dela", disse.

A este respeito, recordou que o Papa Bento XVI falou sobre "a possibilidade de uma grande redistribuição da riqueza em uma escala global, como nunca visto antes", e solicitou também "políticas econômicas concretas que incidem sobre o indivíduo e possam promover um mercado e uma sociedade mais humanos".

Ao se referir à sustentabilidade, Francisco indicou que "não podemos esquecer a importância da inclusão e da escuta de todas as vozes, especialmente as que são normalmente marginalizadas nesse tipo de discussão, como as dos pobres, migrantes, indígenas e jovens".

Além disso, o Santo Padre recordou que é necessária "uma nova solidariedade universal", ao recordar a agenda das Nações Unidas de 2030, na qual "as tradições religiosas diferentes, incluindo a católica, abraçaram os objetivos de desenvolvimento sustentável, porque são o resultado de processos participativos globais que, por um lado, refletem os valores das pessoas e, por outro, se sustentam em uma visão integral do desenvolvimento".

Assim, destacou também que São Paulo VI explicou na Encíclica ‘Populorum Progressio’ que "falar de desenvolvimento humano significa promover todos os homens – não a poucos – e o homem todo – não apenas à sua dimensão material" . Por isso, Francisco animou a oferecer "modelos viáveis ​​de integração social e de conversão ecológica, porque não podemos nos desenvolver como seres humanos fomentando a desigualdade e a degradação do meio ambiente".

"No caso das pessoas religiosas, precisamos abrir os tesouros de nossas melhores tradições para um diálogo verdadeiro e respeitoso sobre a maneira de construir o futuro do nosso planeta. Os relatos religiosos, embora antigos, estão normalmente cheios de simbolismo e contêm uma convicção atual: que tudo está relacionado e que o autêntico cuidado de nossa própria vida e de nossas relações com a natureza é inseparável da fraternidade, justiça e fidelidade com os outros", afirmou o Papa Francisco.

Além disso, o Santo Padre explicou que "os objetivos econômicos e políticos devem estar respaldados por objetivos éticos, que pressuponham uma mudança de atitude, a Bíblia diria uma mudança de coração", e citou São João Paulo II, que destacou a necessidade de "encorajar e sustentar uma conversão ecológica".

"Esta palavra é forte: conversão ecológica. Aqui as religiões têm um papel fundamental a desempenhar. Para uma transição suave para um futuro sustentável, é necessário reconhecer os próprios erros, pecados, vícios ou negligências, arrepender-se de coração, mudar a partir de dentro, reconciliar-se com os outros, com a criação e com o Criador", pediu o Papa Francisco.

Por último, o Pontífice disse que no próximo Sínodo dos Bispos da região Pan-Amazônica, que será realizado em outubro de 2019, serão lembrados os povos indígenas que, "num mundo fortemente secularizado, essas populações possam recordar a todos a sacralidade de nossa terra", para que "suas vozes e preocupações sejam fundamentais para a implementação da Agenda 2030 e no centro da busca de novos caminhos para um futuro sustentável".

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