No desfile da escola de samba Gaviões da Fiel, na madrugada do domingo, 3 de fevereiro, em São Paulo, a comissão de frete trazia uma encenação na qual Jesus era vencido por Satanás, em uma “batalha do bem contra o mal”.

A escola de samba paulista reeditou o samba-enredo de 1994, “A Saliva do Santo e o Veneno da Serpente”, sobre a história do tabaco.

Ao trazer a descrição do desfile da escola de samba, o site ‘Carnavalesco’ explica que a comissão de frente da Gaviões conta “sobre uma lenda árabe” sobre o surgimento do tabaco, relacionada a Santo Antão.

Esse santo “teria abdicado sua vida toda a percorrer a África levando a mensagem de Cristo, ele acreditava nesse conceito cristão. Já adulto encontrou uma serpente, maltratada, judiada, com sede, descamando, e a acolheu. Quando ela se restabeleceu, a serpente picou o braço desse santo, traiu a confiança dele. O santo assustado pela picada, jogou a cobra longe e chupou o veneno da cobra na mordida. No local que ele cuspiu esse veneno, surgiu um pé de tabaco”, descreve o site.

Diante disso, comentaristas do desfile afirmaram que o personagem da comissão de frente vestido com um tecido em volta do quadril, usando uma coroa de espinhos e com marcas de flagelação era o santo e não Jesus Cristo.

Entretanto, durante a transmissão da Rede Globo, logo após o desfile, os comentaristas receberam no estúdio integrantes da comissão e o coreógrafo, quando foi feita a correção de que o personagem em questão não era o Santo Antão, mas sim Jesus Cristo.

“O foco era chocar. Essa comissão de frente foi incrível e alcançou nosso objetivo, que era mexer com essa polêmica de Jesus e o diabo, com a fé de cada um”, afirmou o coreógrafo Edgar Junior.

O fato logo levou à repercussões nas redes sociais, com muitos cristãos lamentando esta encenação.

“Gaviões da Fiel encenou o diabo batendo e vencendo Jesus Cristo logo na comissão de frente. Comentaristas da Globo alegaram ser Santo Antão do Deserto, o místico do norte da África. Balela. O dançarino portava até uma coroa de espinhos”, comentou ensaísta, tradutor e intelectual católico Bernardo Pires Küster, ao lamentar que “o sonho da carne é vencer o Santo mesmo”.

Por sua vez, Padre Augusto Bezerra, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, escreveu em sua página de Facebook: “Quem produziu e encenou a vitória de Satanás sobre Jesus no sambódromo terminou de ver a série antes da última temporada. Vou dar o spoiler: o Maldito Cão caiu no lagar de fogo e foi pisado pelo Cordeiro Imolado Ressuscitado junto com seus anjos e os homens que se rebelaram contra Deus”.

Sem citar diretamente o desfile da escola de samba, Padre José Eduardo, da Diocese de Osasco (SP), também comentou em suas redes sociais: “A zombaria é o anestésico pelo qual o diabo dessensibiliza a alma para a sua própria desgraça”.

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