"Abba, Pai!" Nessas duas palavras centrou-se a meditação de hoje do Papa Francisco durante a Audiência Geral desta quarta-feira, 16, na Sala Paulo VI, onde o Santo Padre frisou que para um cristão “rezar é simplesmente dizer Abba”, dirigindo-se ao Pai com um coração de criança.

"Depois de ter conhecido Jesus e ouvido sua pregação, o cristão não considera Deus mais como um tirano a ser temido, não sente mais medo dele, mas floresce em seu coração a confiança nEle: pode falar com o Criador, chamando-o de "Pai". A expressão é tão importante para os cristãos, que muitas vezes é conservada intacta em sua forma original: ‘Abbà’".

Para o Papa Francisco, essas palavras aramaicas são como a “gravação” da voz do próprio Jesus.

"Para rezar bem, você deve ter o coração de uma criança – enfatizou o Santo Padre- ser como uma criança nos braços de seu pai".

"Dizer Abba é algo muito mais íntimo e comovente do que simplesmente chamar Deus de Pai - sublinha o Pontífice- é por isso que alguém propôs traduzir a palavra original como papai ou papaizinho. De fato, essas expressões evocam afeto, calor, algo que nos projeta no contexto da infância: a imagem de uma criança completamente envolvida pelo abraço de um pai que sente infinita ternura por ele ".

"É suficiente evocar essa expressão única - Abbà - para desenvolver uma oração cristã", afirmou Francisco. "Deus te procura, mesmo que você não o procure(...). Deus te ama, mesmo que você se esqueça Dele. Deus vê em você o belo, mesmo que você pense que desperdiçou todos os seus talentos em vão. Deus é como uma mãe que nunca deixa de amar sua criatura".

O Papa encerrou sua catequese de hoje, seguindo o ciclo de reflexões sobre o Pai-Nosso, dizendo: "Para um cristão, rezar é simplesmente dizer Abba". "Nunca se esqueçam de dizer Abbà Pai", conclui.

Ao terminar a catequese de hoje o Papa também ofereceu uma síntese das suas palavras em português e saudou os peregrinos lusófonos:

“O cristão, depois de ter conhecido Jesus e ouvido a sua pregação, já não considera Deus.

como um tirano que mete medo, mas sente florescer no seu coração a confiança e confidência com Ele. Pode falar com o Criador, chamando-Lhe «Pai». Não se trata simplesmente de usar um símbolo

– a figura do pai – associando-a ao mistério de Deus, mas todo o mundo de Jesus é transvasado no nosso coração. No texto lido da Carta aos Romanos (e o mesmo aparece na Carta aos Gálatas),

ouvimos a palavra aramaica: «Abbá, Pai!» Ora, no Novo Testamento, é raro que as palavras aramaicas não sejam traduzidas para grego, pelo que devemos imaginar que nelas esteja de certo modo «gravada» a voz do próprio Jesus. De facto, «Abbá» é muito mais íntimo e sentido do que tratar a

Deus simplesmente pela palavra «Pai»; alguém chegou mesmo a propor que se traduzisse «Abbá» pela forma meiga e carinhosa de «Papá», o tratamento usado pela criança que se sente completamente

envolvida pelo abraço do pai numa ternura sem fim. Esta imagem aplicada a Deus, será um exagero? Se o fizéssemos nós, a alguém poderia vir a dúvida. Mas é o próprio Jesus que a aplica ao Pai misericordioso, na parábola do filho pródigo. Este experimenta o abraço dum pai que há tanto tempo o esperava, que já não se recorda das palavras ofensivas pronunciadas pelo filho antes de partir, que procura apenas dizer-lhe como sentia falta dele. Nisto, o Pai misericordioso revela os traços do ânimo

duma mãe. Pois é sobretudo esta que sempre desculpa o filho, conserva viva a empatia com ele e continua a querer-lhe bem mesmo quando já não o merece. Deus é como uma mãe que nunca deixa de amar a sua criatura! Trata-se duma gestação que se prolonga muito para além dos nove meses da gestação física, dura para sempre e gera um circuito infinito de amor. Nos momentos negros da vida, podemos encontrar a força de rezar, recomeçando pela palavra «Abbá; Papai».

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