A geneticista e membro do Conselho da Bioética da Conferência Episcopal Mexicana (CEM), Pilar Calva, explicou os efeitos abortivos da pílula do dia seguinte e as graves conseqüências que pode ocasionar nas mulheres.

Em uma entrevista realizada pela CEM, a doutora Calva recordou que a vida humana começa na concepção, esclareceu que a promoção da pílula do dia seguinte joga com os termos e não leva em conta o que cientificamente está comprovado.

Calva fez estas declarações enquanto a Suprema Corte de Justiça do México estuda o projeto para incluir a pílula do dia seguinte como um fármaco de uso comum. A doutora afirmou que o início da vida vai além das considerações que possa ter a Suprema Corte, e se chegar a legalizarem a pílula, a Corte não só estaria atuando inconstitucionalmente mas também atentaria diretamente contra os não nascidos e suas mães.

Acrescentou que, avanços científicos como o genoma humano, demonstraram que o início da vida do ser humano antecede à implantação do embrião no útero e o mapa genético que dá identidade ao novo ser se faz presente desde o mesmo momento da concepção e o que há é uma manipulação de termos.

"O material de genético está conformado em 46 livros da herança que se chamam cromossomos, quer dizer que só o ser humano tem 46 cromossomos. Temos este material de herança no núcleo de cada uma de nossas células, ou seja nossas trilhões de células todas têm nossa biblioteca completa de herança, por dizê-lo de algum jeito, em cada uma das células, exceto nos espermatozóides no caso do homem e os óvulos no caso das mulheres, somente têm 23 cromossomos, têm justamente a metade porque no momento em que se unem o óvulo e o espermatozóide, momento em que se conhece como a concepção, ou a fecundação, termo que a Suprema Corte de Justiça ditou como início da vida em nível legal", indicou.

A gravidez não é uma doença

Do mesmo modo, Calva chamou a atenção sobre a consideração que se tem da gravidez como uma doença e não como um estado da mulher em "etapa fértil, que tem marido e tem relações sexuais, uma etapa do início do desenvolvimento de um ser humano é a gravidez, não é uma doença".

Advertiu sobre o desconhecimento que têm muitas mulheres do uso desta pílula desconhecendo os efeitos que pode gerar o levonorgestrel (LNG), componente hormonal da Pílula, que pode afetar a nível cardiovascular, vascular periférico e inclusive gerar problemas cerebrais.

Acrescentou que muitas mulheres desconhecem os verdadeiros efeitos da pílula, tão abortivos como secundários, "uma garota que hoje tem relações sexuais e amanhã tem medo, a vai tomar; a maior parte das vezes vai tomá-la sem necessitá-la porque não estava nem em seu período fértil, mas se está tomando uma forte carrega de hormônios", por isso além disso do mecanismo de ação, "é importante alertar às mulheres que isto vai ter efeitos sobre sua saúde, e estão tomando um medicamento que nem necessitavam, e que pode afetar sua saúde".

Finalmente, particularizou que incluir a pílula do dia seguinte é reconhecer que os programas organizados pelo Governo falharam pelo que "não devemos incluir o que está falhando, mas sim incluir por um lado os que são, na população, mais necessários".