Em uma coletiva de imprensa, o Cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, pediu desculpas, como líder da Igreja nesse país, às mais de três mil vítimas de abusos sexuais ocorridos em um período de mais de 70 anos.

No último dia 12 de setembro, dois jornais alemães vazaram um estudo encarregado pela Conferência Episcopal Alemã que documenta abusos cometidos contra 3.677 pessoas, predominantemente homens menores, entre 1946 e 2014; além disso, acusa 1.670 clérigos.

O relatório concluiu que mais da metade das vítimas tinha 13 anos e a maioria eram meninos. Cerca de 969 vítimas de abusos foram coroinhas.

Na terça-feira, 25 de setembro, o relatório foi apresentado na assembleia plenária dos bispos.

“Claramente, o abuso sexual é um crime. Os que são culpados devem ser castigados. Durante muito tempo, na Igreja Católica desviamos o olhar, ocultamos, negamos, não queríamos que fosse verdade. Por todo o fracasso e por toda a dor, deve pedir desculpas como presidente da Conferência Episcopal Alemã, e de modo pessoal”, disse o Cardeal Marx na coletiva de imprensa de terça-feira.

Em sua declaração diante da imprensa, o também Arcebispo de Munich e Freising disse se sentir envergonhado ao ver o resultado do relatório e por aqueles “ministros que se supõe que deveriam construir confiança e não abusar dela”.

“Sinto-me envergonhado quando olho para fora, vendo muitos que não quiseram acreditar no que aconteceu, que trivializaram e não quiseram olhar, e não quiseram escutar. Eu me incluo”, assegurou.

Além disso, afirmou que a resposta ainda é insuficiente, porque “as vítimas de violência sexual devem experimentar que se faça justiça”.

“Acreditamos que é urgentemente necessário aproximar-se e escutar os afetados para compreender. Só então podemos tirar conclusões. Não queremos ignorar as vítimas na luta contra o abuso sexual na Igreja. Só funciona com elas”, acrescentou.

Finalmente, o Cardeal Marx assegurou que os resultados demonstram que é necessário exigir uma “ação comprometida e convincente” no ambiente da Igreja para enfrentar a violência sexual.

“Temos uma responsabilidade como Igreja, temos que assumir a responsabilidade. Não podemos escapar”.

“O abuso sexual por parte dos clérigos católicos é um problema constante. Não é um fenômeno histórico que tenha concluído e acontecido no passado. Por isso, precisamos urgentemente de mais investigação, processamento e prevenção”, concluiu.

recentemente, Dom Stefan Ackermann, Bispo de Trier e Comissário da Seção de Perguntas sobre Abusos Sexuais na Igreja e Proteção de Menores, criticou o vazamento do relatório, considerando que “para as pessoas afetadas pelos abusos sexuais, a publicação antecipada é irresponsável” e que “nem todos os bispos conhecem os resultados do mesmo”.

De acordo com a Conferência Episcopal Alemã, o objetivo do estudo, no qual participaram 27 dioceses do país, era “ter mais clareza e transparência sobre este capítulo escuro da nossa Igreja, não só pelo bem dos afetados, mas para nós mesmos, para ver as nossas falhas e fazer todo o possível para assegurar que não acontecerão novamente".

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