Segundo informou hoje o boletim da Santa Sé, o Papa Francisco aceitou o pedido de renúncia de Dom José Ronaldo Ribeiro como bispo de Formosa (GO), que responde a um processo penal pelo desvio de cerca de 2 milhões de Reais de paróquias da diocese, e manteve o Arcebispo de Uberaba, Dom Paulo Mendes Peixoto, como Administrador Apostólico da diocese durante o período de Sede Vacante.

Após passar um mês preso em março deste ano, enquanto era investigado pelo suposto desvio milionário de verbas, Dom José Ronaldo Ribeiro declarou que ele e os demais sacerdotes detidos foram vítimas de um plano para os desmoralizar, sendo “acusados sem provas”.

Dom José Ronaldo e outros 5 sacerdotes da Diocese de Formosa foram presos em 19 de março na Operação Caifás, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás, acusados de desviar R$2 milhões e usar dinheiro das paróquias para a compra de uma fazenda de gado, carros de luxo e uma casa lotérica.

O Prelado permaneceu cerca de um mês na prisão, tendo sido liberado após a concessão de um habeas corpus em 17 de março pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Após ser solto, seguiu para a residência episcopal de Formosa, em vez de seguir conselhos para que se hospedasse na Casa do Clero, para padres idosos e doentes. Dom José Ronaldo insistiu na ocasião que foi vítima de um plano arquitetado para o “desmoralizar e tirar do governo da Diocese”.

Segundo informou o Jornal Metrópoles nesta quarta-feira, 12, durante a audiência de instrução do caso, realizada na última segunda-feira, Dom José Ronaldo solicitou ao juiz autorização para morar em Brasília, pedido concedido pelo magistrado Fernando Oliveira Maciel. Durante a madrugada, Dom José Ronaldo deixou a casa episcopal. Conforme apurou a reportagem do jornal Metrópoles, o denunciado colocou todos os pertences em uma van e deixou a residência episcopal da diocese.

O processo penal no qual é réu Dom Ribeiro teve início nesta segunda-feira (10) e contou com o depoimento do padre João Manoel Lopes, vigário-geral da diocese e administrador paroquial da Catedral diocesana, quem revelou que o bispo teria embolsado até o dinheiro das crismas.

“O depoimento do pároco durou 4 horas e meia. Ao juiz Fernando Oliveira Samuel, o religioso afirmou ter estranhado algumas práticas dentro da diocese. Os recursos arrecadados com a crisma – sacramento pelo qual, de acordo com a igreja, o batizado é fortalecido com o dom do Espírito Santo –, por exemplo, iriam direto para a conta particular de dom José Ronaldo”, afirma a edição de hoje do Metrópoles.

As investigações ao prelado, que hoje teve aceita sua renúncia ao governo de Formosa (GO), começaram após o Ministério Público ter recebido denúncias por parte de fiéis que desconfiaram dos desvios, supostamente iniciados em 2015. Entre as suspeitas, estava o fato de as despesas da casa episcopal de Formosa terem passado de R$ 5 mil para R$ 35 mil desde que dom José Ronaldo assumiu o posto em novembro de 2014.

Na manhã de hoje, a Diocese de Formosa (GO) publicou no seu site oficial uma nota em que afirma:
“A Nunciatura Apostólica no Brasil comunicou na manhã desta quarta-feira, 12 de setembro, a decisão do papa Francisco em acolher o pedido de renúncia ao governo pastoral da diocese de Formosa, apresentado por dom José Ronaldo Ribeiro. A notícia foi publicada no Jornal L’Osservatore Romano, às 12 horas de Roma”.

O Arcebispo de Uberaba (MG), Dom Paulo Mendes Peixoto, foi confirmado pelo Papa Francisco como Administrador Apostólico, e fica responsável pela diocese até que o Santo Padre nomeie um novo bispo.

Para entender melhor o caso, confira nossa matéria: