O Arcebispo de Manila (Filipinas), Cardeal Luis Antonio Tagle, lamentou a morte de milhares de inocentes desde que o presidente Rodrigo Duterte assumiu o cargo em 2016 e começou a sua luta contra as drogas, que inclui as execuções extrajudiciais.

Segundo informou UCA News, a polícia local divulgou que nos últimos dois anos, houve mais de 23 mil assassinatos no país e que várias organizações de direitos humanos indicam que provavelmente estavam ligados à guerra do governo contra as drogas.

O Cardeal Tagle falou sobre este drama nacional no último dia 22 de julho, no encerramento da 5ª Conferência Filipina para a Nova Evangelização, da qual participaram oito mil pessoas.

"Onde nós vemos os seus rostos? Onde ouvimos as suas palavras? Algumas pessoas estão perguntando onde estão", perguntou o Purpurado sobre a morte dos inocentes.

"Queremos acreditar que você não se alegra com a morte deles. Mas há muitos inocentes", continuou.

Nesse sentido, o Cardeal Tagle convidou os fiéis a "ser pão, partido e compartilhado com os outros, para que todos sejamos movidos pela compaixão e poder alimentar os outros".

"Tudo o que temos, tudo o que somos, se pegamos, abençoamos e compartilhamos pode converter-se em pão da vida para todos. Diante de tantos tipos de fome em nosso mundo, escutamos as palavras de Jesus: Deem-lhes algo para comer", assinalou.

Por sua parte, o Bispo de Kalookan, Dom Paulo Virgilio Siongco David, criticou Duterte pela sua mensagem à nação, pronunciada em 23 de julho.

"Deixem-me começar a dizer diretamente: a guerra contra as drogas ilegais está longe de ter terminado", afirmou o presidente e indicou que "será tão implacável e arrepiante como no dia começou".

"Sua preocupação são os direitos humanos, a minha, as vidas humanas", indicou Duterte.

"As vidas dos nossos jovens se desperdiçam e as famílias são destruídas, e tudo por causa dos produtos químicos chamados shabu, cocaína, maconha e heroína", expressou o presidente.

Dom Siongco escreveu uma resposta à mensagem Duterte, recolhida por UCA News, na qual adverte que a afirmação do presidente "implica que as vítimas dos homicídios relacionados às drogas não são humanas".

"Com o devido respeito, a Igreja nunca estará de acordo com esta afirmação", assinalou o Prelado e afirmou que os viciados em drogas "são pessoas doentes" que precisam de reabilitação.

Duterte é conhecido não só pelo seu método polêmico de combate às drogas, mas também pelas declarações agressivas como a que realizou em junho, quando insultou os católicos ao chamar a Deus de "estúpido".

Diante desta blasfêmia, a Conferência dos Bispos Católicos das Filipinas (CBCP) convocou os fiéis a oferecer dias de jejum e penitência em reparação.

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