O Arcebispo da Filadélfia (Estados Unidos), Dom Charles Chaput, chamou a atenção da Administração de Donald Trump e do Congresso por colocarem em perigo as famílias e frustrar ainda mais a reforma migratória.

“Há um custo humano para o teatro político que pode ser imperdoavelmente ruim, especialmente quando é pago por crianças. O erro mais recente da administração – separar as crianças dos seus pais presos por entrar ilegalmente ao país –, foi estúpido e ao mesmo tempo destrutivo, e a tempestade de ira que provocou, justificada”, escreveu em sua coluna do dia 22 de junho.

Na semana passada, o presidente Donald Trump voltou atrás em uma política na fronteira do México com os Estados Unidos que causou uma confusão política em todo o país durante várias semanas.

Em maio, a administração de Trump anunciou uma política de “tolerância zero”, que estabelecia que os imigrantes que cruzassem ilegalmente a fronteira seriam detidos em uma prisão federal até serem levados a um juiz federal, que deverá determinar se eles serão condenados à prisão por entrar de forma ilegal ao país.

Isto levou à separação das famílias, porque as crianças não podem ser presas legalmente em uma prisão federal por mais de 20 dias, segundo o Flores Settlement de 1997. Estas crianças foram colocadas sob a custódia do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, enquanto os casos de seus pais são processados.

Estas separações receberam muitas críticas depois que foram divulgadas imagens e vídeos das crianças angustiadas por permanecerem longe de seus pais.

Em 20 de junho, Trump anunciou uma ordem executiva que colocou fim na prática da separação familiar, mas manteve a política de tolerância zero.

Em sua coluna, Dom Chaput escreveu que a pior parte dessa história “é que é simplesmente o último capítulo de uma luta interminável e muitas vezes hipócrita de ambos os partidos políticos sobre os detalhes da reforma migratória”.

“As disputas ocorreram por muitos anos e o resultado é sempre o mesmo: estagnação e recriminação mútua”.

Dom Chaput e muitos outros bispos dos Estados Unidos se pronunciaram com frequência apoiando os imigrantes e suas famílias, pedindo políticas que respeitem a dignidade humana e mantenham as famílias unidas.

“Apesar das centenas de histórias dolorosas” sobre o custo humano das políticas injustas de imigração, “nada mudou substancialmente em nossas leis de imigração nos últimos 12 meses, ou nos últimos 24 ou 36 ou 48”, assinalou o Arcebispo da Filadélfia.

Entretanto, indicou que embora a administração de Trump “agravou” recentemente o problema, “há muita culpa ao redor” devido ao impasse político quando se trata de alcançar uma verdadeira reforma migratória.

O Prelado disse que “a responsabilidade de corrigir os nossos problemas de imigração sempre esteve no Congresso, não na Casa Branca, e na última década ambos os partidos políticos se destacaram pelo tipo de obstrucionismo partidário calculista que faz com que seja impossível uma solução”.

“Nós somos melhores do que isso como nação. E se realmente queremos ‘tornar os Estados Unidos grande novamente’, com um caráter moral que comprove isso, as pessoas que fazem e aplicam as nossas leis devem agir em consequência”.

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