Ao refletir sobre o sentido de Fátima na atualidade, o Bispo de Leiria-Fátima, Dom António Marto, ressaltou que não se trata de “uma simples história datada que guardamos como troféu no espólio da memória da igreja”, mas seu significado ainda hoje ajuda a encarnar o Evangelho na humanidade.

“Como dom de Deus, Fátima oferece-nos uma mistagogia para o coração da boa nova, uma pedagogia da fé que incarna em cada tempo para trazer esperança à vida do crente e uma profecia que traz luz transcendente para a visão da história e da condição humana”, expressou o Prelado durante a abertura do Simpósio Teológico- Pastoral “Fátima hoje: que sentido?”.

O evento teve início nesta sexta-feira no Santuário da Cova da Iria e segue até domingo, com o objetivo de procurar novas maneiras de dizer Fátima no mundo contemporâneo e definir chaves de leitura significativas para a humanidade do século XXI.

“Se Fátima não diz outra palavra que a do evangelho, não podemos senão questionar sobre o seu sentido hoje como quem pergunta sobre a encarnação do Reino de Deus no hoje da nossa história”, ressaltou o Bispo, segundo o site do Santuário de Fátima.

Para Dom António Marto, que será criado Cardeal pelo Papa Francisco no próximo dia 28 de junho, sendo um dom de Deus, Fátima é também “responsabilidade eclesial” e, por isso, a igreja deve “escutar, questionar, deixar-se interpelar e levar ao mundo”.

“O seu sentido hoje há de ser procurado nos lugares das fragilidades humanas, nos muros que demarcam as fronteiras físicas e espirituais do desespero, nas modernas torres de babel que construímos para divinizar a vontade pessoal, nos barcos que povoam os mediterrâneos dos nossos tempos navegando a nossa falta de hospitalidade e a insensibilidade das nossas vidas acomodadas”, declarou.

Além disso, acrescentou que “o sentido de Fátima continua a se encontrar, sobretudo, nos gestos simples de uma igreja que pretende ser fiel ao Evangelho de Cristo pela proximidade, pela hospitalidade, pelo cuidado, pela misericórdia com que se diz o Reino dos Céus”.

Segundo o Prelado, “em cada periferia em que a igreja resgata o humano da exclusão e se oferece como hospital de campanha, encarna o espírito deste acontecimento evangélico que é Fátima”.

Dom António Marto recordou o centenário das aparições da Virgem na Cova da Iria, celebrado no ano passado, quando “milhões de peregrinos, vindos de todos os cantos da terra”, “trouxeram o colorido da sua identidade e da sua fé”.

Depois dessa acontecimento, indicou, Fátima “continua a ecoar uma palavra de sentido neste nosso tempo quantas vezes entorpecido na sua busca de sentido”.

Assim, “questionar o sentido de Fátima hoje significa, desde logo, tomar consciência desta multidão que não para de crescer e que reconhece em Fátima um marco na geografia da fé onde todos têm voz e vez”.

Nesse sentido, concluiu, “questionar o sentido de Fátima há de conduzir-nos à atitude adotada pelo Santuário como lema deste ano pastoral: dar graças pelo dom de Fátima”.

“Damos graças como quem compreende neste dom um desafio teológico e se compromete pastoralmente com a sua praxis, nomeadamente a praxis reparadora, no seu sentido mais profundo e global, isto é, de colaboração no amor misericordioso e reparador de Deus, para inverter a direção da história vencendo a espiral diabólica do mal, da violência e da guerra”, finalizou.

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