A Conferência Episcopal da Bolívia (CEB) rechaçou as "más interpretações" de alguns meios das palavras do futuro Cardeal Toribio Ticona em relação ao governo de Evo Morales e reiterou a unidade da Igreja no país.

Em 6 de junho, o jornal ‘El Deber’ publicou uma entrevista na qual Dom Ticona reservou a sua opinião sobre o 21F, referendo que Evo Morales fez para candidatar-se novamente à presidência e perdeu. Esta intenção de reeleição foi rechaçada pelos bispos bolivianos.

Além disso, afirmou: "Sou amigo de Evo e vou dar o passo para que nos aproximemos e nos respeitemos mutuamente, o presidente com a sua ideologia e o seu partido, e a Igreja servidora dos homens. Nas coisas que nos unem, podemos trabalhar de forma mancomunada".

Estas declarações foram recolhidas por alguns meios como um distanciamento do novo cardeal em relação aos seus irmãos bispos, diante do qual a Conferência Episcopal da Bolívia respondeu com um comunicado em 13 de junho.

"Frente às más interpretações de algumas declarações do Cardeal que puderam provocar confusão na opinião pública, a CEB se reafirma na linha de pensamento que manifestou em diferentes ocasiões através de comunicados, mensagens e cartas pastorais públicas", assinala o texto.

Acrescenta que "rejeitamos qualquer tentativa de divisão ou manipulação da Igreja Católica. Queremos seguir iluminando o nosso povo boliviano com a liberdade dos Filhos de Deus e pela responsabilidade do nosso ministério pastoral".

O episcopado boliviano recordou que "a Conferência Episcopal Boliviana e suas autoridades, legitimamente eleitos, ou seja, Presidente, Vice-Presidente, Secretário Geral e Conselho Episcopal Permanente, é a voz oficial da Igreja Católica na Bolívia".

“O Cardeal é membro da Conferência Episcopal Boliviana, e, como Bispo Emérito, tem o direito a voz, de acordo com os seus Estatutos”, indica o texto.

Em relação à nomeação de Dom Toribio Ticona como Cardeal, que também foi alvo de polêmicas como a falsa acusação de ter esposa e filhos, a CEB sublinhou que "implica um agradecimento e reconhecimento do Papa pela sua trajetória pastoral e serviço humilde nas comunidades e aldeias quechua e aymara".

"Como bispos da Bolívia nos unimos às felicitações que o novo cardeal recebeu e a alegria e esperança espontâneas que isto provocou em nosso povo", afirmou a CEB no seu comunicado.

Dom Ticona é um dos 14 novos cardeais que o Papa Francisco criará em 29 de junho no Vaticano.

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