Após um encontro privado no Vaticano, o Núncio Apostólico na Nicarágua, Dom Waldemar Stanislaw Sommertag, assegurou que é possível uma solução pacífica ao conflito político-social que o país vive, porque a Igreja acredita no homem e no poder da oração.

“A Santa Sé não perde a esperança na reconciliação, porque a Igreja, como sempre, acredita no homem, que ao ter sido criado à imagem e semelhança de Deus, tem esta semelhança do Criador, que se manifestará em encontrar uma solução justa”, expressou o Prelado polonês na terça-feira, 5 de junho, em uma entrevista a Vatican News.

Além disso, afirmou que tem certeza de que “neste momento delicado é preciso muita oração, prudência e bom senso para encontrar uma solução pacífica”.

O Núncio disse que o Papa Francisco está informado sobre o desenvolvimento do conflito na Nicarágua, que atualmente está em uma fase de diálogo nacional intermitente.

Entretanto, os protestos continuam ocorrendo no país. Segundo o último relatório do dia 4 de maio da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, até agora provocou 127 mortes e cerca de mil ficaram feridas.

“A audiência com o Papa foi muito importante e delicada, levando em consideração a situação do país. O Santo Padre está bem informado e reza muito por uma solução pacífica, através deste diálogo nacional no qual a Igreja tem o papel de mediadora e jamais se retira das suas próprias responsabilidades”, explicou.

Francisco “é um homem de esperança e seus apelos são sempre convites a dialogar de maneira concreta”, afirmou.

Finalmente, Dom Sommertag disse que os bispos nicaraguenses sempre escutam o Santo Padre, esforçam-se para que retomem o diálogo e acabe a violência.

“A Igreja da Nicarágua nunca abandona o seu povo. Em qualquer âmbito da vida destas pessoas, a Igreja é uma presença próxima, misericordiosa, fraterna, espiritual, mas também é uma presença muito concreta, em nível material”, acrescentou.

Os protestos na Nicarágua começaram em abril de 2018, quando milhares de pessoas se opuseram à reforma do INSS. Entretanto, o governo de Daniel Ortega respondeu com repressões em várias cidades, incluindo a capital Manágua.

Embora o presidente tenha revogado esta lei, os tumultos continuam.

Falecimento do Cardeal Miguel Obando y Bravo

Durante a audiência privada, o Núncio também se referiu ao recente falecimento do Arcebispo Emérito de Manágua, Cardeal Miguel Obando y Bravo, reconhecido como um mediador durante a guerra civil que abalou a Nicarágua entre 1979 e 1990.

Afirmou que era um homem pacificador “procurado por todos” e “um garante desta reconciliação”.

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