O Prefeito Emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Gerhad Ludwig Müller, questionou quem pretende fazer uma releitura da encíclica ‘Humanae Vitae’ do Beato Paulo VI e advertiu que os bispos não podem fazer compromissos com “os lobos” que querem mudar o ensinamento da Igreja sobre sexualidade.

O Purpurado alemão fez estas declarações em entrevista a Costanza Miriano, uma escritora católica italiana e mãe de quatro filhos, no marco da apresentação que o Cardeal fará na sexta-feira, em Roma, do livro de Daniel C. Mattson, ‘Por que não me defino gay: Como me reapropriei de minha realidade sexual e encontrei a paz’.

Miriano perguntou ao Cardeal sobre a tentativa de algumas pessoas dentro da Igreja de reler a encíclica ‘Humanae Vitae’, publicada por Paulo VI há 50 anos, um documento que alertou sobre as consequências de usar métodos anticoncepcionais, como a infidelidade conjugal, a degradação moral, a perda do respeito pela mulher e o uso destes métodos como políticas de Estado.

No numeral 17 da encíclica, publicada em julho de 1968, o Beato explica que “o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais” pode acabar “por perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como a sua companheira, respeitada e amada”.

O Cardeal Müller disse que “a ‘Humanae Vitae’ foi profética, pois todos os perigos que previa se cumpriram”, como o ingresso do niilismo e o materialismo na vida moderna. “Falta o sentido superior da existência humana e, portanto, por trás da fachada que mostram está o vazio”, assinalou.

Em sua opinião, esta postura se infiltrou entre os católicos devido à “mundanização da Igreja: para alguns dos pastores da Igreja, é apenas material para fazer política por prazer. Para eles, o respeito pelas massas vale mais do que o respeito pela Palavra de Deus. Eles são contra a criação”.

“o verdadeiro prazer está em toda palavra que sai da boca de Deus e, se deixamos de anunciar onde está o verdadeiro prazer, onde está a verdadeira alegria, seremos responsáveis pela infelicidade de muitas pessoas”.

Além disso, o Prefeito emérito disse que aqueles que “querem reler a ‘Humanae Vitae’ para agradar as massas” podem ser comparados “com os que fizeram compromissos durante os regimes totalitários. Em vez disso, os que dão testemunhos têm a responsabilidade de mostrar a verdade revelada”.

“Se os pastores não vigiam, os lobos vencem. Com os lobos não se pode negociar, sequer para salvar as ovelhas. Com a ilusão de não perder alguns, perde-se todo o rebanho. Não é esta a lógica de Jesus. Ele, para não perder nenhuma ovelha, sacrificou-se a si mesmo, não sacrificou as ovelhas”.

Sobre a tentativa de alguns dentro da Igreja de promover os métodos anticoncepcionais, o Purpurado alemão disse que costuma-se fazer isso com “um raciocínio apenas emotivo, baseado em situações extremas”, sem considerar que “também em situações extremas um bom pastor encontra uma solução única e particular para preservar a unidade intrínseca entre procriação e sexualidade”.

O Prefeito Emérito indicou que “o truque dos teólogos e bispos que atacam a doutrina é a de gerar emoções. Por exemplo, começam a dizer que há um pai de quatro filhos que perdeu o trabalho e tem a esposa doente... e, então, gera-se um debate com base na emotividade do caso específico, mas esse não é um modo sério de enfrentar os assuntos”.

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