O Arcebispo de Caracas, Cardeal Jorge Urosa, assinalou que a Igreja também está sendo afetada pelo êxodo de venezuelanos,  pois muitas congregações “estão tirando suas religiosas do país por falta de meios” para mantê-las, devido à grave crise econômica.

“O êxodo também afeta a Igreja, por exemplo, aqui da Diocese de Caracas já são quatro diáconos permanentes que também foram embora, por motivos familiares. Também há muitas congregações que estão tirando suas religiosas do país por falta de meios para alimentá-las ou para cuidados médicos”, afirmou o Cardeal Urosa.

Segundo a Cáritas Internacional, cerca de quatro milhões de pessoas deixaram a Venezuela. Em declarações à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre )ACN), o Purpurado indicou que “há um êxodo porque não há futuro”.

“A situação é dramática. Atualmente, praticamente todas as famílias venezuelanas têm alguém fora do país”, expressou.

As pessoas, explicou à ACN, “estão desencorajadas” diante do sofrimento e porque “parece que o mal” está reinando “e que já não importa que as crianças morram ou se alguém se renda e, apesar de tudo, seja assassinado”.

“No ano passado, 140 pessoas morreram durante a repressão das marchas. Às vezes, vítimas que não tinham sequer a ver com os protestos. Eu vi um vídeo de uma mulher que seguia pela rua, não estava nas marchas, de fato afastava-se da multidão e um disparo e ela caiu atingida. Isso me abalou”, lamentou.

Além disso, prosseguiu o Purpurado, “a realidade venezuelana é deplorável: a escassez de medicamentos e insumos médicos é algo gravíssimo, inclusive a atenção hospitalar, a falta de comida e o alto custo dos alimentos, o problema do transporte, a falta de dinheiro em espécie”.

“Falta de luz e água. Ninguém se preocupou em sustentar as estruturas e a manutenção dos sistemas. É a miséria. É terrível ver o país na ruína”, acrescentou.

Diante dessa situação, na Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), “erguemos nossa voz para denunciar essa emergência social ou crise humanitária que existe no país”.

Nesse sentido, o Arcebispo de Caracas indicou que as próximas eleições que acontecem dia 20 de maio “não vão solucionar o problema da emergência social e, por isso, estão deslegitimadas. Essas eleições deveriam ser adiadas, porque realmente não são legais nem democráticas”.

“Nós temos direito de eleger com liberdade, com condições adequadas, com viabilidade e possibilidades democráticas. è como jogar uma partida de futebol e uma equipe convoca o jogo dez dias antes do previsto e não dá tempo aos melhores jogadores do outro time chegar. As eleições deveriam ser organizadas no último trimestre do ano, como se prevê na Constituição”, esclareceu à ACN.

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