A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) expressou por meio de uma nota a preocupação com o desrespeito e intolerância demonstrados em recentes manifestações “artísticas” no país.

Os bispos do Conselho Permanente da CNBB, formado pela presidência da entidade, os bispos presidentes das Comissões Episcopais Pastorais (Consep) e os bispos presidentes dos 18 regionais, emitiram a nota “vencer a intolerância e o fundamentalismo” após se reunirem em Brasília entre os dias 24 e 26 de outubro.

No texto, recordam os “recentes fatos que, em nome da arte e da cultura, desrespeitaram a sexualidade humana e vilipendiaram símbolos e sinais religiosos, dentre eles o crucifixo e a Eucaristia, tão caros à fé dos católicos”.

Os Prelados lamentaram que atualmente se vê crescer “em nosso meio o desrespeito e a intolerância que destroem” a harmonia “que deve marcar a relação da arte com a fé, da cultura com as religiões”.

“Se, por um lado, a arte deve ser livre e criativa, por outro, os artistas e responsáveis pela promoção artística não podem desconsiderar os sentimentos de um povo ou de grupos que vivem valores, muitas vezes, revestidos de uma sacralidade inviolável”, assinalam.

Nesse sentido, reforçam que “o desrespeito e a intolerância, por parte de artistas para com esses valores, fecham as portas ao diálogo, constroem muros e impedem a cultura do encontro”.

“Preocupam, portanto, o nível e a abrangência destas intolerâncias que, demasiadamente alimentadas em redes sociais, têm levado pessoas e grupos a radicalismos que põem em risco o justo apreço pela arte, a autêntica liberdade, a sexualidade, os direitos humanos, a democracia do País”.

Em sua nota, os Bispos brasileiros recordam que, “em toda sua história, a Igreja sempre valorizou a cultura e a arte, por revelarem a grandeza da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, fazendo emergir a beleza que conduz ao divino”.

Citando a Carta de São João Paulo II aos artistas, de 1999, reconhecem que “para transmitir a mensagem que Cristo lhe confiou, a Igreja tem necessidade da arte”.

“Arte e fé, portanto, devem caminhar unidas, numa harmonia que respeita os valores e a sensibilidade de cada uma e de toda pessoa humana na sua cultura e nos seus valores”, acrescentam.

Ao sublinhar que “vivemos numa sociedade pluralista”, os Bispos indicam que “precisamos saber conviver com os diferentes”. Entretanto, ressaltam que isso “não subtrai à Igreja o direito de anunciar o Evangelho e as verdades nele contidas, a respeito de Deus, do ser humano e da criação”.

“Em desacordo com ideologias como a de gênero, é nosso dever ressaltar, sempre mais, a beleza do homem e da mulher, tais como Deus os criou, bem como os valores da fé, expressos também nos símbolos religiosos que, com sua arte e beleza, nos remetem a Deus”, pontuam.

Assim, reforçam que “desrespeitar estes símbolos é vilipendiar o coração de quem os considera instrumentos sagrados na sua relação com Deus, além de constituir crime previsto no Código Penal”.

Por isso, incentivam “a sociedade brasileira a promover o diálogo e o encontro, por meio dos quais as pessoas, em suas diferenças, respeitam e exigem respeito, e permitem sentir a riqueza que cada um traz dentro de si”.

A nota na íntegra pode ser lida no site da CNBB.

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