O famoso cientista Jeremy England ficou “decepcionado” com a representação literária que Dan Brown, autor de “O Código Da Vinci” fez dele em seu novo livro, “Origem”, e sublinhou que o escritor “não pode me citar para negar Deus”.

Jeremy Englend, Doutor em física na Universidade de Stanford, é professor no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), considerado uma das universidades mais prestigiadas do mundo. Dan Brown criou Edmond Kirsch no seu livro “Origem” tendo como base Englend e as suas pesquisas sobre a origem da vida.

Em declarações recentes à imprensa em Frankfurt, na Alemanha, por ocasião da apresentação de “Origem”, Dan Brown assegurou que se inspirou ao questionar-se: “Deus sobreviverá à ciência?”.

Neste mesmo encontro, Brown deu sua resposta ‘não’ e questionou se “hoje somos ingênuos de acreditar que os deuses do presente sobreviverão e estarão aqui em cem anos?”.

Segundo o escritor, Deus será substituído por “alguma forma de consciência global que percebemos e que se converterá em nossa divindade”.

Entretanto, England, que se considera judeu ortodoxo, assegurou em um artigo publicado pelo jornal americano ‘The Wall Street Journal’ que “Dan Brown não pode me citar para negar Deus”.

O cientista descobriu há pouco tempo que Brown incluiu um personagem fictício dele em seu livro e, embora tenha considerado que a o descreve “com elogios, o Sr. Brown está errado quando se refere ao significado da minha pesquisa”.

“Um dos seus personagens explica que o personagem que corresponde no livro poderia ter ‘identificado o princípio físico subjacente que impulsiona a origem e a evolução da vida’. Se a teoria do Jeremy England fictício estiver correta, segue a sugestão, seria uma refutação transcendental de todas as outras histórias da criação. Todas as religiões poderiam se tornar obsoletas”, indicou England.

Para o cientista do MIT, “é fácil criticar as teorias do meu eu fictício com base na breve descrição do Sr. Brown, mas também seria injusto”.

“A minha verdadeira pesquisa sobre como os comportamentos semelhante a vida emergem na matéria inanimada está amplamente disponível, enquanto o trabalho do personagem de Dan Brown apenas é descrito vagamente”.

“Não existe uma ciência verdadeira” no livro de Dan Brown “sobre a qual discutir”, assinalou.

Entretanto, sublinhou: “Tenho uma grande preocupação com a atitude do meu personagem fictício no livro”, que é apresentado como “um futurista bilionário cuja missão é demonstrar que a ciência tornou Deus irrelevante”.

O cientista explicou que “a linguagem da física pode ser extremamente útil para falar sobre o mundo, mas nunca pode abordar tudo o que é necessário ser dito pela vida humana”.

Por exemplo, England disse que “as equações podem explicar de maneira elegante como um avião permanece no ar, mas não podem transmitir a emoção de uma pessoa ao voar sobre as nuvens”.

“Estou decepcionado com o meu eu fictício por estar tão alegremente desinteressado sobre o que há além dos limites estreitos do campo técnico”, assinalou.

“Eu sou cientista, mas também estudo e vivo de acordo com a Bíblia hebraica. Para mim, a ideia de que a física pode provar que o Deus de Abraão não é o criador e governante do mundo reflete um grave mal-entendido do método científico e da função do texto bíblico”.

“A ciência é uma aproximação da experiência comum. Aborda o que é objetivamente mensurável ao inventar modelos que resumem a previsibilidade parcial do mundo”, indicou.

“Em comparação, o Deus bíblico disse a Moisés: ‘Eu Sou o que Sou’. Ele está se referindo à incerteza que o futuro traz para todos. Nenhuma previsão pode responder completamente à pergunta do que acontecerá depois”.

“Os seres humanos sempre enfrentarão uma escolha sobre como reagir ao futuro desconhecido. Os encontros entre Deus e os profetas hebreus frequentemente são descritos em termos de alianças, por um lado, a fim de enfatizar que ver a mão de Deus agindo começa com uma decisão consciente de ver o mundo de certa maneira”.

England destacou que “não há nenhum argumento científico” para confiar que Deus fala através de “acontecimentos do mundo”, mas “não há nenhuma forma de que a ciência possa refutá-lo, porque está fora do alcance da pesquisa científica”.

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Para o cientista americano, “a pergunta mais importante” é: “Precisamos continuar aprendendo sobre Deus? Por minha parte, à luz de tudo o que eu sei, tenho certeza que sim”.

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