O Arcebispo de Pamplona e Bispo de Tudela, Dom Fernando Sebastián Aguilar, pediu não aceitar “passivamente um ataque tão grave” contra o autêntico matrimônio e ressaltou o direito dos cristãos a manifestar-se contra leis que favorecem “as uniões efêmeras e todo o monte de sofrimentos” para as famílias.

Na última carta pastoral titulada “Defender a Família”, e a poucos dias do debate no Senado do projeto de lei que equipara a união homossexual ao matrimônio e lhes permite adotar crainças, o Prelado denunciou as normas que constituem “um verdadeiro ataque ao matrimônio e à família e por isso mesmo à felicidade das pessoas e ao bem-estar social'.

“Como membros responsáveis por uma sociedade democrática”, os cristãos podem e devem tratar de influir na opinião pública e na vida política através de vias como 'cartas ao diretor', o direito a manifestação, o voto ou negando a confiança “a quem ataque ou não defendam um bem tão grande de nosso patrimônio histórico e moral como é a família”.Movimento que empobrece a sexualidade

Na sua missiva, o Prelado constatou que no mundo está acontecendo uma “mudança profunda” na compreensão e exercício da sexualidade que se difunde “quase sem nos dar conta” uma visão e prática da sexualidade “humanamente empobrecida, reduzida a um meio de obter prazer e bem-estar”.

Este “movimento cultural”, assinalou o Arcebispo, “vê-se agora reforçado pela atividade legislativa de nossos governantes”.

“Se a união entre duas pessoas do mesmo sexo é um verdadeiro matrimônio e merece o mesmo tratamento que a unidade de vida formada por um varão e uma mulher, quer dizer que a diferença sexual, e portanto a procriação dos filhos, já não são elementos essenciais nesta instituição básica que chamamos matrimônio', valorou o Arcebispo.

Nesta perspectiva, em que dá igual ser varão que ser fêmea, “a sexualidade não depende da própria natureza, nem está vinculada à procriação dos filhos, cada um a pode exercer como quiser, e todas as formas merecem o mesmo reconhecimento e o mesmo tratamento por parte das autoridades responsáveis pelo bem comum da sociedade”.

“Percebem os nossos governantes do que isto significa? Não sabem que o matrimônio estável entre homem e mulher é a primeira estrutura da sociabilidade humana, e portanto fundamento e origem da estruturação da sociedade real?”, perguntou o Prelado.

“Divórcio expresso”

Do mesmo modo, o Arcebispo criticou o “divórcio expresso”, “um contrato com uma exigência de estabilidade tão fraco já não se pode chamar matrimônio”. Com isso, a legislação civil espanhola “favorece as uniões efêmeras e todo o cúmulo de sofrimentos que acarretam para os interessados e sobre tudo para os filhos”, apontou.

Estas leis, “queira-se ou não, são um verdadeiro ataque ao matrimônio e à família e por isso mesmo à felicidade das pessoas e ao bem-estar social. Com mais matrimônios quebrados e mais filhos feridos em seus afetos mais profundos vamos ser mais felizes?”, perguntou-se.

Diante desta situação, disse Dom Sebastián, “os cristãos nos sentimos obrigados a defender nestes momentos a verdadeira noção de matrimônio, entendido como união estável entre varão e mulher, baseado em um amor definitivo e aberto à procriação e educação dos filhos”.