O Bispo de Vitoria (Espanha), Dom Juan Carlos Elizalde, rechaçou conceder o título de Doutor Honoris Causa da Faculdade de Teologia de Vitoria ao sacerdote José Antonio Pagola, autor do livro “Jesús. Una aproximación histórica” (Jesus. Aproximação histórica), classificado pela Congregação para a Doutrina da Fé como “perigoso devido às suas omissões e ambiguidades”.

A Junta da Faculdade de Teologia da Vitoria (Espanha) propôs recentemente a concessão do Doutorado Honoris Causa ao sacerdote José Antonio Pagola.

Foi uma decisão que, segundo informações publicadas em vários meios de comunicação, o Bispo de Vitoria, Dom Juan Carlos Elizalde não aceitou.

A decisão de Dom Elizalde foi motivada pela polêmica causada pela obra “Jesus. Aproximação histórica”, que o Pe. José Antonio Pagola publicou em 2007 e considerou-se que continha propostas contrárias à fé.

Depois de várias revisões do texto e mudanças na segunda edição, a Congregação para a Doutrina da Fé junto com a Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da Conferência Episcopal Espanhola concluiu em 2013 que “as modificações feitas pelo autor apresentam uma melhoria do texto, que, entretanto, não são suficientes para resolver profundamente os problemas presentes no mesmo”.

Deste modo, afirmaram que “não parece apropriado conceder ao imprimatur a nova versão do livro ‘Jesus. Aproximação histórica” e que o livro, “mesmo não contendo propostas diretamente contrárias à fé, é perigoso por causa de suas omissões e ambiguidades”.

O livro está na sua décima edição e foi traduzido em vários idiomas. As últimas edições tiveram as alterações aceitas e aprovadas pela Congregação vaticana. Atualmente, o livro “Jesus. Aproximação histórica” não conta com o ‘imprimatur’ da Congregação para a Doutrina da Fé, embora isso somente seja necessário em certas publicações religiosas.

O reconhecimento acadêmico da Faculdade de Teologia de Vitoria será por fim concedido ao sacerdote Saturnino Gamarra, professor emérito da Faculdade.

A polêmica

A Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) emitiu em junho de 2008 uma nota de esclarecimento ante as dezenas de milhares de cópias vendidas para “ajudar os milhares de leitores da primeira versão a ter uma opinião da mesma, conforme a doutrina católica”.

A CEE afirmou que em “Jesus. Aproximação história” havia falhas metodológicas como a “ruptura entre a fé e a história”, “desconfiança em relação à historicidade dos evangelhos” e “a leitura da história de Jesus a partir de suposições que a acabam tergiversando”.

Além disso, apontaram que também encontraram falhas doutrinais como a “apresentação reducionista de Jesus como um simples profeta”, “a negação da sua consciência filial divina”, “a negação do sentido redentor dado por Jesus de fundar a Igreja como comunidade hierárquica” e “a confusão sobre o caráter histórico, real e transcendente da ressurreição de Jesus”.

O Pe. Pagola, sacerdote da Diocese de San Sebastián (Espanha), aceitou por pedido do seu Bispo, então Dom Juan María Uriarte, uma segunda edição revisada do seu livro. Neste caso, em junho de 2008, Dom Uriarte aprovou esta edição.

Entretanto, a Congregação para a Doutrina da Fé pediu que a Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CEE também considerasse se aprovaria a publicação da segunda edição.

O Pe. Pagola reconheceu então que havia pedido que “introduzisse em futuras edições as modificações sugeridas, para evitar erros e mal-entendidos” e assinalou: “Não duvidei em nenhum momento em colaborar com esta disposição, pois a única coisa que eu sempre busquei foi que o meu livro continuasse semeando a Boa Nova de Jesus”.

Finalmente, depois das revisões pertinentes foi emitido um comunicado em março de 2013 sobre as decisões a respeito do livro “Jesus. Aproximação histórica”.

Segundo diz o comunicado, depois da revisão da segunda versão realizada por Dom Uriarte, da Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CEE e da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, concluíram que “as modificações feitas pelo autor são uma melhoria do texto, que, entretanto, não são suficientes para resolver profundamente os problemas presentes no mesmo”.

Eles afirmaram que “não parece apropriado conceder o imprimatur a nova versão do livro ‘Jesus. Aproximação histórica’”.

Além disso, a Congregação para a Doutrina da Fé decidiu que “mesmo não contendo propostas diretamente contrárias à fé, é perigoso por causa de suas omissões e ambiguidades”.

“Seu foco metodológico foi considerado errado, pois, separando o chamado ‘Jesus histórico’ do ‘Cristo da fé’, em sua reconstrução histórica elimina tudo o que excede de uma apresentação de Jesus como ‘profeta do Reino’”, precisam na nota.

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