Um sacerdote católico que acolhe na Jordânia os refugiados que fogem do Estado Islâmico (ISIS) encabeça a lista dos “20 heróis por trás das notícias” da rede televisiva CNN.

Trata-se de Pe. Khalil Jaar, que desde 2014 acolhe os refugiados, sem importar a origem ou a religião, em sua paróquia de Santa Maria, localizada no bairro de Marka, na cidade de Amã, capital da Jordânia.

“Heróis CNN” é um especial de televisão que começou em 2007. Correspondentes e apresentadores de televisão da rede nomeiam quem consideram como seus heróis pessoais. Esses candidatos se caracterizam por seu destacado trabalho humanitário e contribuição nos lugares em que desenvolvem tais iniciativas.

São selecionados os 10 melhores e é realizada uma votação online. Ao final do ano, é premiado o “Herói do ano da CNN” com 250 mil dólares para que continue com seu trabalho. Aos outros nove, entregam a soma de 50 mil dólares.

Na lista publicada com os 20 candidatos para este ano, o primeiro lugar até agora é ocupado pelo Pe. Jaar. Este sacerdote foi nomeado como herói pela jornalista de origem Jordânia, Jomana Karadsheh.

Em sua nomeação, ela contou que em 2014 as Igrejas da Jordânia abriram suas portas aos cristãos refugiados de cidades do norte do Iraque, como Mosul, que tinham sido invadidas pelo ISIS.

Quando os terroristas começaram a tomar as cidades cristãs como Qaraqosh, em agosto de 2014, deram aos moradores três alternativas: converter-se ao Islã, pagar um alto imposto ou morrer. Muitos fugiram ruma à Jordânia.

Karadsheh explicou que o Pe. Khalil Jaar “nunca recusou ninguém, sem importar sua fé. Nesses últimos três anos, a paróquia de Santa Maria é um lar para os cristãos refugiados” e “ele ajuda muitos também a encontrarem um teto fora da Igreja”.

Em outubro de 2014, a paróquia Santa Maria acolhia 100 famílias refugiadas. A única coisa que podiam oferecer a elas era colchonetes para dormir e um teto. Por esta época, o Pe. Jaar já tinha acolhido mais de 500 refugiados.

Karadsheh indicou que o nome do Pe. Jaar era conhecido por muitos dos iraquianos quando ainda estavam na cidade de Erbil, localizada no Curdistão iraquiano, enquanto esperavam a oportunidade de sair do país.

Um refugiado cristão, identificado como Ammar Zaki, que foi amparado pela paróquia, explicou a CNN em 2014 a razão pela qual ele fugiu do ISIS junto com sua família.

“Jesus Cristo disse às pessoas “deixe tudo e me siga”. Fizemos isso. Tivemos que deixar tudo e irmos embora para sermos cristãos, para conservarmos a nossa religião”, expressou.

Por sua parte, Pe. Jaar disse que “muitas das crianças que chegaram com suas famílias estavam doentes pelo trauma que sofreram no Iraque: o medo, a insegurança e a falta de alimentos”.

“Eles deixaram suas casas em poucas horas... deixando tudo para trás. É um choque muito grande. É por isso que hoje dou o melhor de mim para ajudar essas pessoas a superar esta situação e buscar uma vida melhor”, expressou o sacerdote.

Ao apresentar Pe. Jaar como seu herói, Jomana Karadsheh contou que perguntou ao sacerdote de onde tirava a força para seguir em frente.

“Ele me respondeu que tirava forças dos refugiados que passaram por tantas coisas e que ele nunca recusará alguém que necessita de sua ajuda, sem importar de onde venham e qual seja a sua religião”, expressou.

Estima-se que a Jordânia, com uma população de 6 milhões, acolheu desde 2011 mais de um milhão de refugiados.

Confira também:

Mais em