No último dia 5, o Papa Francisco insistiu na necessidade de estabelecer uma política de acolhida a refugiados e manifestou a sua surpresa ante a indiferença com a qual o mundo está testemunhando a morte de migrantes no Mediterrâneo e em outros lugares.

“O que acontece no mundo de hoje que, quando ocorre a bancarrota de um banco, imediatamente aparecem somas escandalosas para salvá-lo, mas quando acontece esta bancarrota da humanidade não existe sequer uma milésima parte para salvar estes irmãos que sofrem tanto?”, perguntou-se.

“E assim o Mediterrâneo se transformou em um cemitério e não somente o Mediterrâneo. Muitos cemitérios próximos aos muros, muros manchados de sangue inocente”.

Em uma audiência concedida aos participantes do III Encontro Mundial dos Movimentos Populares, o Santo Padre recordou que “ninguém deveria ver-se obrigado a fugir da própria pátria. Mas o mal é duplo quando, diante daquelas terríveis circunstâncias, o migrante se vê lançado nas garras dos traficantes de pessoas para atravessar as fronteiras, e é triplo se chegam à terra em que se pensava encontrar um futuro melhor e são desprezados, explorados e até mesmo escravizados”.

“O que fazer diante desta tragédia?”, questionou. “No Dicastério cujo responsável é o Cardeal Turkson – Desenvolvimento Humano Integral – existe um setor que se ocupa destas situações. Decidi que, ao menos por certo tempo, este setor vai ficar submetido diretamente ao Pontífice, porque esta é uma situação infame, que posso somente descrever com uma palavra que me veio em mente espontaneamente em Lampedusa: vergonha”.

“Lá, como em Lesbos, pude ouvir de perto o sofrimento de tantas famílias expulsas de sua terra por motivos econômicos ou violências de todos os tipos, multidões exiladas – disse isto diante das autoridades de todo o mundo – por causa de um sistema socioeconômico injusto e de guerras que não buscaram e não criaram aqueles que hoje sofrem o doloroso desenraizamento da sua pátria, mas antes muitos daqueles que se recusam em recebê-los”, destacou.

Confira também: