O Papa Francisco transmitiu ao Arcebispo de Juba (Sudão do Sul), Dom Paulino Lukudu Loro, que se for possível, gostaria de visitar o país africano. O Prelado fez esta afirmação em uma entrevista concedida ao Grupo ACI, depois da recente audiência com o Santo Padre.

O Prelado declarou que fez o convite ao Pontífice durante o encontro que tiveram no Palácio Apostólico do Vaticano em 27 de outubro.

O Papa recebeu Dom Lukudu Loro junto com o arcebispo da província da Igreja Episcopal do Sudão do Sul e Sudão, Daniel Deng Bul Yak, e o moderador da Igreja Presbiteriana do Sudão do Sul, Peter Gai Lual Marrow.

O encontro aconteceu no contexto dos enfrentamentos violentos que dividem a população do sul sudanesa e destroem o frágil equilíbrio social do país.

Durante a conversa, foi evidenciada a estreita colaboração entre as igrejas cristãs no difícil trabalho de promover o bem comum, defender a dignidade das pessoas, proteger os indefesos e impulsionar iniciativas de diálogo e reconciliação.

À luz do Ano Santo da Misericórdia, o Papa, ante os três líderes religiosos sul sudaneses, sublinhou o tema do poder do perdão e na aceitação do outro como caminho para construir a paz e uma sociedade mais justa, que garanta um adequado desenvolvimento humano.

Neste sentido, constatou que os cristãos das diferentes confissões religiosas estão comprometidos com um espírito de comunhão e de unidade a serviço da população.

Em coletiva de imprensa, depois do encontro com o Santo Padre, o Arcebispo católico disse que “a visita do Papa seria a visita de um líder religioso no país, teria um grande impacto, seria muito bem recebida por nós e pela sociedade civil e seria uma grande ajuda para nós. Por isso, viemos visitar o Papa”.

Em seguida, o Prelado declarou ao Grupo ACI a sua preocupação pelos meninos-soldado que combatem no país.

“Estamos falando com o governo para tentar encontrar uma solução para esse fenômeno. Na verdade, os meninos-soldado nem sempre são sequestrados e forçados a combater pelo governo ou pelos grupos rebeldes. Mas, muitas vezes, vemos que as pessoas que estão nos bosques ou no monte lutando contra o governo são meninos”.

“Este fenômeno – disse o Arcebispo – se deve ao fato de sentirem que existe um problema, se veem vítimas de uma injustiça do governo. Deste modo, vemos meninos pequenos que decidiram combater por si mesmos sem ter sido recrutados por alguém”.

O Arcebispo de Juba explicou que “a mesma coisa acontece entre as tropas leais ao governo. O governo se serve mais de tropas populares do que das topas do exército, porque no exército não há pessoas preparadas para combater, os soldados recrutados não querem combater. Então, o governo se serve das tropas nas quais combatem muitos meninos pequenos, alguns de maneira voluntária, outros forçados”.

Para o Prelado, “a única solução é que acabem com a guerra, que parem de lutar. Nós estamos tentando forçar o diálogo para alcançar o cessar-fogo, para conquistar a paz”.

Dom Paulino Lukudu Loro também pediu ao Santo Padre a nomeação de um núncio próprio para o Sudão do Sul, pois atualmente é o mesmo núncio do Quênia.

Desde 2013, o Sudão do Sul sofre uma sangrenta guerra civil entre quem defende o presidente Salva Kiir e os defensores do ex-vice-presidente Rijek Machar.

Além disso, no Sudão (no norte), país majoritariamente muçulmano e onde os cristãos são perseguidos, os fiéis estrangeiros foram expulsos e atacam livrarias cristãs, lugares de cultos e ameaçam de morte os líderes cristãos do Sudão do Sul.

As ameaças contra eles exigem a cooperação na busca de outros cristãos e a demolição de igrejas, alegando que pertenciam a cidadãos do Sudão do Sul que fugiram depois da separação dos dois países em 2011.

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