O Papa Francisco visitará a Suécia nos dias 31 de outubro e 1º de novembro, por ocasião dos 500 anos da reforma luterana. Uma viagem na qual também dará uma mensagem de esperança para os católicos do país.

Em uma coletiva na quarta-feira na Sala de Imprensa do Vaticano, o Cardeal Kurt Koch, Presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, ressaltou que a visita do Papa Francisco à Suécia servirá para comemorar os 500 anos da reforma e também os 50 anos de diálogo entre católicos e luteranos.

O Purpurado afirmou que “no passado tivemos centenários confessionais, com um tom um pouco triunfante e polêmico de ambas as partes. Hoje queremos fazer isto juntos e não fazemos somente a celebração dos 500 anos da Reforma, mas também dos 50 anos do diálogo entre luteranos e católicos”.

“Este foi o primeiro diálogo bilateral que a Igreja Católica começou logo após o Concílio, em 1967, e este é também um sinal de gratidão. Pudemos redescobrir tudo aquilo que é comum entre luteranos e católicos”, assinalou o Cardeal Koch.

A Suécia tem mais de nove milhões de habitantes, das quais apenas 1,15% se declara católico (113.000). É um país majoritariamente protestante com um importante percentual da população agnóstica ou ateia.

O Cardeal Koch assinalou que a intenção de Lutero não era dividir a Igreja, embora a consequência das suas ações tenha sido essa ruptura. “Lutero – explicou – não queria dividir a Igreja. Não queria criar duas igrejas. Queria reformar a Igreja Católica, mas naquele momento não era possível, e deu lugar à divisão dos cristãos e a terríveis guerras de religião”.

Por sua parte, o Secretário-Geral da Federação Luterana Mundial, Martin Junge, disse sobre a viagem do Papa que “o tempo está maduro para tentar passar do conflito à comunhão” entre os cristãos.

Assegurou que “é sumamente significativo contar com a presença do Papa Francisco na Suécia. Estamos muito agradecidos por sua presença e pelo alto valor que essa presença vai dar à comemoração conjunta. Somos conscientes de que o papa está dando continuidade ao caminho ecumênico empreendido por seus predecessores”.

O Papa, disse, “está colhendo os frutos desse caminho, mas dando-lhe um novo impulso. Sem dúvidas, temos registrado um grande interesse pelo Papa Francisco por parte da opinião pública nos países nórdicos”.

O Cardeal Koch também disse que o ecumenismo tem muitas páginas, mas que “o fundamental do ecumenismo é o espiritual: a oração pela unidade. Jesus rezou pela unidade de seus discípulos”. Além disso, sublinhou o que considerou três tipos de ecumenismo: cultural, prático e teológico.

“Temos um ecumenismo cultural. Por exemplo, no Natal acontece um concerto conjunto do coro da Capela sistina e do coro do Patriarcado de Moscou. A música é a língua mais universal do mundo e pode ajudar no diálogo”.

Há também, continuou, “um ecumenismo prático, que consiste na colaboração conjunta, como a viagem do Papa Francisco a Lesbos com o Patriarca Ecumênico Bartolomeu I e o Arcebispo Jerônimo, de Atenas, para oferecer um gesto ecumênico em relação aos refugiados”.

Por último, “o diálogo ecumênico teológico não é algo fácil. Houve questões difíceis no passado, sobretudo no que diz respeito à questão da justificação. A Igreja estava dividida sobre isso. Agora, deve buscar caminhos para caminhar juntos”.

O Papa Francisco chegará ao Aeroporto Internacional de Malmö na segunda-feira, 31 de outubro, onde acontecerá uma recepção oficial. Em seguida, terá um encontro com o primeiro-ministro sueco Stefan Löfven, nas instalações do aeroporto.

Posteriormente, fará uma visita de cortesia à Família Real no Palácio Real de Lund. Na catedral luterana nesta mesma cidade, às 14h30, fará uma oração ecumênica conjunta.

O ato central da viagem acontecerá às 16h40, no estádio de Malmö, onde ocorrerá o evento ecumênico e o encontro com as diferentes delegações ecumênicas.

Na terça-feira, 1º de novembro, o Papa celebrará a Santa Missa às 9h30 no estádio Swedbank de Malmö antes de se dirigir ao aeroporto para voltar a Roma.

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