No ciclo de catequeses sobre as obras de misericórdia, o Papa Francisco falou nesta quarta-feira sobre: “era estrangeiro e me hospedastes; estava nu e me vestistes”. O Pontífice comentou que os cristãos devem estar atentos a esta realidade e ajudar quem necessita.

“Essas obras de misericórdia deixam evidente que os cristãos não estão cansados nem têm preguiça na espera do encontro final com o Senhor, mas a cada dia ali o encontram, reconhecendo seu rosto no de tantas pessoas que pedem ajuda”.

Francisco afirmou que “no nosso tempo é mais do que nunca atual a obra de misericórdia relacionada aos estrangeiros”, uma vez que “a crise econômica, os conflitos armados e as mudanças climáticas obrigam tantas pessoas a emigrar”.

Em sua opinião, “as migrações não são um fenômeno novo, mas pertencem à história da humanidade. É falta de memória histórica pensar que são características do nosso tempo”, porque “a Bíblia nos oferece muitos exemplos concretos de migrações”. “Basta pensar em Abraão, a quem o chamado de Deus o leva a deixar seu país para ir a outro”, recordou.

Também foi assim “para o povo de Israel, que do Egito, onde era escravo, foi marchando durante 40 anos pelo deserto até chegarem à terra prometida por Deus”, inclusive “para a Sagrada Família, que foi obrigada a emigrar e fugir da ameaça de Herodes”.

Na atualidade, “o contexto de crise econômica favorece atitudes de fechamento e não de acolhimento”. “Em algumas partes do mundo – explicou o Papa –, surgem muros e barreiras” e, “às vezes, parece que o trabalho silencioso de muitos homens e mulheres que, de diversos modos, estão fazendo o seu melhor para ajudar e assistir o refugiados e migrantes, é obscurecido pelo rumor de outros que dão voz a um egoísmo instintivo”, denunciou.

Entretanto, “o fechamento não é uma solução; pelo contrário, favorece os tráficos criminosos”. “A única via de solução é a da solidariedade”, afirmou.

“O compromisso dos cristãos neste campo é urgente hoje como no passado”, expressou. “É um compromisso que envolve todo mundo, ninguém está excluído. As dioceses, as paróquias, os institutos de vida consagrada, as associações e os movimentos são chamados a acolher os irmãos e as irmãs que fogem da guerra, da fome, da violência e de condições de vida desumanas”.

“Todos juntos somos uma grande força de amparo para quem perdeu a pátria, a família, o trabalho e a dignidade. E vestir o nu, do que se trata senão restituir a dignidade a quem a perdeu?”, perguntou.

O Pontífice pediu para pensar nas mulheres vítimas do tráfico e que estão nas ruas ou “demasiados modos de usar o corpo humano como mercadoria, até mesmo de crianças e adolescentes”.

“Do mesmo modo, não ter um trabalho, uma casa, um salário justo, ou ser discriminado pela raça ou pela fé são todas formas de ‘nudez’ diante das quais, como cristãos, somos chamados a estar atentos e prontos à ação”.

Por fim, o Bispo de Roma pediu para que “não caiamos na armadilha de nos fecharmos em nós mesmos, indiferentes às necessidades dos irmãos e preocupados somente com os nossos interesses”. Assim, “na medida em que nos abrimos aos outros que a vida se torna fecunda, as sociedades reconquistam a paz e as pessoas recuperam sua plena dignidade”.

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