Uma família grata à Madre Teresa de Calcutá, assim Marcílio Haddad Andrino, que recebeu o milagre por intercessão da futura santa, definiu a si próprio, bem como a sua esposa e filhos, durante uma coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé nesta sexta-feira.

Ao relatar a sua história, em vídeos enviados por correspondentes da ACI Digital no Vaticano, o brasileiro natural de Santos (SP) garantiu que a atuação de Madre Teresa não se deu apenas na cura de sua doença, mas também após, quando os médicos diziam que não poderia ter filhos.

“Quando voltei para casa, eu e Fernanda éramos recém-casados e lógico que queríamos ter filhos. Mas, o médico nos alertou que, como eu tinha tomado tantos antibióticos no hospital e por eu ser um transplantado renal, dificilmente eu teria filhos”, contou, destacando que os exames apontavam menos de 1% de chances de gerarem descentes.

Até que tiveram uma feliz notícia. “Seis meses depois, voltei a trabalhar. Um mês depois, tivemos a satisfação de saber que a Fernanda estava grávida. Em 2012, tivemos outro filho”.

“O que vimos? Que realmente foi uma extensão do milagre. Hoje, sou muito agradecido à Madre Teresa pela nossa família”, acrescentou.

Na coletiva de imprensa desta sexta-feira, quando o Vaticano ofereceu os últimos detalhes da canonização de Madre Teresa de Calcutá no domingo, participaram a Superiora Geral das Missionárias da Caridade, Irmã Mary Prema Pierick, o postulador da causa, Pe. Brian Kolodiejchuk, além do miraculado Marcílio e sua esposa, Fernanda Nascimento Rocha Andrino.

Durante a coletiva, Marcílio recordou tudo o que passou nos meses antes de receber a cura miraculosa. Lembrou que estava com o casamento marcado para setembro de 2008, mas um tempo antes começou a se sentir mal. “Eu estava doente e o casamento se aproximando”, disse.

“No dia 5 de setembro, a Fernanda conversou com o pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em São Vicente, o Pe. Elmiran. Nesse dia, ele tinha celebrado uma Missa na casa das Missionárias da Caridade, na cidade de Santos. Lá, recebeu uma relíquia de Madre Teresa”, relatou o miraculado, ao assinalar que foi esta relíquia que o sacerdote entregou a Fernanda.

Mesmo com Marcílio debilitado, eles se casaram e, poucos dias depois, em 20 de outubro, ele teve uma forte convulsão e foi levado ao hospital. “Lá, um médico jovem me atendeu. Ele pediu todos os exames que eu já tinha feito, olhou e logo diagnosticou o que eu tinha: infecções no cérebro”, narrou. O diagnóstico era de “três abcessos maiores e cinco secundários”.

Marcílio, então, começou o tratamento com antibióticos e a família rezava pela intercessão da Madre Teresa. “Todos os dias, a Fernanda colocava a relíquia que o Pe. Elmiran deu para a gente no local onde estavam os abcessos”, disse.

O quadro clínico, porém, não apresentava melhoras. Pelo contrário, no dia 9 de dezembro, Marcílio acordou com uma forte dor de cabeça. “Rapidamente, vários médicos entraram em meu quarto e viram que minha situação era extremamente grave”.

“No pouco de tempo que estive consciente, consegui chamar a Fernanda e falei para pedir para a família e amigos da Paróquia rezar por mim. Então, os médicos me sedaram e eu apaguei”, recordou.

Marcílio disse ter acordado mais tarde no centro cirúrgico. “Abri os olhos, sabia que estava no centro cirúrgico, meu médico estava presente e eu perguntei a ele o que estava fazendo ali, porque me sentia bem, estava sentindo uma paz muito grande naquela hora e sem a dor de cabeça”.

O médico disse não faria a cirurgia naquele dia e o encaminhou para a UTI, onde passou a noite. “No dia seguinte, o médico me recepcionou e falou: ‘Marcílio, como você não tem mais dor de cabeça, não há necessidade de fazer cirurgia’” e o levou para o quarto.

Aos poucos, Marcílio foi se inteirando de todo o ocorrido. “Depois, vim a saber que naquele momento do meu sofrimento, os médicos fizeram um exame e viram que 70% dos abcessos reduziram”, além disso, o líquido que havia acumulado em cérebro “drenou e minha dor de cabeça parou. Três dias depois, fiz outro exame e nem os abcessos tinha mais, só as cicatrizes”.

“Outra coisa que fiquei sabendo quando voltei para o quarto, que a Fernanda me contou, é que no meu momento de maior sofrimento, ela foi para casa dela e rezou fervorosamente para que Madre Teresa operasse um milagre em nossas vidas. Fo justamente o que aconteceu naquele momento”, garantiu.

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“Estamos muito agradecidos por este milagre. Minha palavra principal é obrigado”, respondeu sobre como se sentia hoje. Por sua vez, Fernanda Andrino assinalou que esta vivência também a ajudou a ter uma experiência de oração “muito forte na família” e a ver “a misericórdia que Deus tem com todos”.

O postulador da causa de canonização de Madre Teresa, Pe. Brian Kolodiejchuk assegurou que a religiosa “é uma santa de nosso tempo para pobres e ricos. Ela demonstrou que o mal e a miséria que todos temos podem ser perdoados”.

A Superiora, Irmã Prema, lembrou que “Madre Teresa queria que todos nós fôssemos próximos”. “Posso recordar muitos encontros com ela, por exemplo, quando compartilhava o mesmo dormitório conosco, com todas as irmãs. Ela não se preocupava de ter um quarto maior”, assinalou.

A canonização de Madre Teresa ocorre este domingo, em uma missa celebrada pelo Papa Francisco na Praça de São Pedro às 5h30, horário de Brasília.

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