Em uma recente entrevista, a senadora Mônica Litza afirmou que "não está comprovado que a legislação do aborto diminua os abortos clandestinos, nem a quantidade de abortos, basta olhar os índices de outros países, por exemplo os da Espanha, onde ocorre isto".

Em diálogo sustentado com a agência Nova, a senadora de justiça assinalou também que outro argumento falacioso é "dizer que a clandestinidade traz as conseqüências quando advêm da prática mesma do aborto. Um aborto sempre é arriscado".

Litza acredita que o assunto do aborto é muito importante e que se deve informar bem porque existe a "obrigação ética de dizer a verdade, não falar com eufemismos, porque senão seria induzir o pensamento das pessoas. Por exemplo, os que estão a favor da legalização argumentam, entre outras coisas, que a mulher tem que ter direito a decidir sobre seu próprio corpo quando, na realidade, a partir do momento da concepção começa a vida de uma pessoa humana diferente do pai e da mãe. Então já não se trata de decidir sobre o próprio corpo".

Ao ser perguntada pelas diferenças entre as mulheres pobres e as que têm dinheiro e acesso à prática do aborto, indicou que "no geral são médicos os que se dedicam a fazê-los e igualmente há conseqüências, as complicações não só se dão nos casos praticados por parteiras" e acrescentou que "além disso, há muitas síndromes pós-aborto que vão sofrer os que fizeram um aborto na melhor clínica, no melhor consultório de Bairro Norte, ou em um fundo de quintal".

Do mesmo modo, manifestou com firmeza que "quando se fala de interrupção da gravidez, que é outro eufemismo, fala-se de tirar a vida de alguém. Sabe-se que aos 18 dias há um coração que está pulsando, não é como ir ao dentista a tirar um molar".

Por outro lado, Litza assegurou que "é perverso que pelas condições de pobreza do país se proponha como saída o aborto. A proposta tem que ser que cada vez haja menos pobres e não que os pobres tenham menos filhos".

"O aborto não é a solução dos que dizem preocupar-se com as mulheres mais pobres. Não irá mudar a vida de uma família porque em lugar de 6 filhos tenha 5. Não podemos propor um mal para obter um bem, como argumentam os que defendem a legalização. Além disso, quando se aborta não é só uma questão de mulheres, mas também de homens", asseverou.

Finalmente, a senadora de justiça comentou um projeto de lei que apresentou no qual propõe "avançar sobre a prevenção, a instrução, a transmissão dos valores. Não é somente distribuir preservativos sem dar o conteúdo do que são as relações sexuais". "Que as políticas não se esgotem em distribuir métodos anticoncepcionais sem dar também uma mensagem", concluiu.