O Presidente da Cáritas Síria e Bispo caldeu de Alepo, Dom Antoine Audo, convidou a unir-se a jornada de oração pelas crianças sírias que acontecerá nesta quarta-feira, 1º de junho, “um gesto ecumênico” muito significativo e “muito importante para o futuro da cristandade e de todas as Igrejas”.

No último domingo, depois da Oração do Ângelus, o Papa Francisco assinalou que por ocasião do Dia Internacional das Crianças em 1º de junho, “as comunidades cristãs da Síria, católicas e ortodoxas, viverão juntas uma especial oração pela paz, a qual terá como protagonistas precisamente as crianças. Neste dia especial, as crianças sírias convidam as crianças do mundo inteiro a unir-se a elas na oração”.

Em declarações à Rádio Vaticano, Dom Audo recordou que as crianças são “o coração deste drama sírio”, cujo último acontecimento foram os bombardeios em Alepo e que trouxeram mais vítimas e famílias que fogem procurando refúgio.

O Prelado assinalou que “mais de 2 milhões e meio (de crianças) não vão à escola”. “Vejo-os pelas ruas de Alepo, enquanto caminham sem sapatos, sem pão, nem possibilidades de ter uma dignidade. Estas crianças são usadas para humilhar, para fazer dinheiro”, denunciou.

Assinalou que “a criança é a pessoa mais fraca da sociedade: todas as violências recaem sobre as crianças, não podem se defender nesta situação de violência. Neste sentido, o coração de Nosso Senhor vê nas crianças o caminho do Reino de Deus, o caminho da humildade, o caminho que faz perguntas acerca do poder do mundo. A criança é uma boa maneira de fazer um apelo pela paz e pela reconciliação”.

O Bispo sírio recordou que “cada um de nós foi criança um dia, cada um de nós levamos em nosso coração a realidade de uma criança, uma realidade de profunda felicidade humana: pode ser visto nos olhos e na história”.

Deste modo, disse que “é um tema espiritual-antropológico-humano muito profundo e espero que o Santo Padre nos ajude. O Papa está atento às realidades humanas dos mais frágeis, dos mais simples”.

O relatório No Place for Children da UNICEF, divulgado em 14 de março, denunciou que 8,4 milhões de crianças – 80% da população infantil – foram afetados pelo conflito na Síria, o qual permanece durante cinco anos.

Do mesmo modo, assinalou que uma em cada três crianças sírias nasceu durante a guerra e que 2,4 milhões de menores atualmente são refugiados, 361% mais do que em 2013. “Cinco anos são literalmente uma vida, uma vida em que conheceram pouco mais que violência, privação e incerteza”, denunciou o diretor executivo da UNICEF, Anthony Lake.

A agência da ONU também advertiu que em 2015 verificaram cerca de 1.500 violações graves contra menores, inclusive assassinato, mutilação, recrutamento ou sequestro, entre outros.

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