A imagem da Virgem da Caridade levada no ano passado de Cuba aos Estados Unidos pelo Papa Francisco chegará nesta terça-feira, 10 de maio, à Ermida da Caridade em Miami, coincidindo com a celebração pelo centenário de sua proclamação como padroeira do povo cubano pelo Papa Bento XV em 1916.

A imagem foi entregue a Francisco em setembro de 2015 por uma família cubana durante sua visita ao Santuário da Virgem da Caridade do Cobre, em Santiago de Cuba. Os fiéis lhe pediram que a levasse aos Estados Unidos por motivo de sua viagem pelo Encontro Mundial das Famílias e deu ao exílio como “sinal de unidade da família cubana”.

Assim, a imagem estará presente na Missa de ação de graças pelos 100 anos da proclamação desta advocação mariana como padroeira de Cuba e que será presidida pelo Arcebispo de Miami, Dom Thomas Wenski, às 20h.

Nessa mesma hora, haverá também uma Missa de agradecimento no Santuário da Virgem da Caridade em Santiago de Cuba, com a presença de todos os bispos cubanos junto à imagem descoberta em 1612.

O Pe. Juan Rumín Domínguez, Reitor da Ermida da Caridade, afirmou que a imagem levada pelo Francisco “com a encomenda de ser levada como símbolo de amor e unidade à família cubana no exílio, constitui um significativo gesto que muitas pessoas de fé saberão apreciar em seu justo significado”.

“Trata-se, da fé, de um claro e decidido sinal de inclusão que contrasta claramente com uma atitude excludente que por décadas manteve o regime frente aos cubanos que tiveram que abandonar sua pátria em busca de liberdade e progresso”, expressou em uma mensagem publicada na página do Facebook da Ermida.

Nesse sentido, manifestou seu desejo de que “este gesto fraterno possa chegar aos corações de todas as famílias cubanas que se encontram, como nunca antes, dispersas pelo mundo. Queira Deus, que pela intercessão da Virgem da Caridade e apesar das distâncias de todo tipo que nos separam, possamos acolher a mensagem que traz consigo este símbolo de fé e ‘cubania’: ‘A Caridade nos une’”.

O Reitor da Ermida recordou que a Virgem Mambisa acompanhou o povo cubano durante toda sua história, “desde sua descoberta faz quatro séculos na Baía de Nipe, passando por nossas guerras de independência e por toda a etapa republicana. Foi a mesma que animou nossos mambises para sonhar e lutar por uma Cuba livre, e a que também lhes motivo a pedir ao Papa, em 1915, que a proclamasse como padroeira de Cuba”.

Nas últimas décadas, “de sua casa do Cobre, é ela quem tem sustentado a fé do povo cubano contra todos os embates do ateísmo e também a que soube amparar seus filhos nas tristes horas do desterro”.

“Em um dia de sua festa, em 1961, chegou a Miami dentro de uma mala, como mais uma refugiada, e até o dia de hoje não deixou que lhes acompanhar desde sua querida Ermida, junto à Baía de Biscayne. Ela cuida de seus filhos em qualquer lugar que se encontrem e quer reunir todos sob seu manto e como um só povo”, afirmou.

O sacerdote cubano convidou a entender a chegada desta imagem, de Cuba aos Estados Unidos, como o desejo da Virgem de “visitar seus filhos fora da pátria”.

“Uma missão de unidade na fé que permitirá a nossos irmãos unir-se em oração, em qualquer lugar que estejam, e aos pés de nossa Mãe implorar pelo presente e, sobretudo, por esse futuro que todos queremos para Cuba, no qual se vejam cumpridas as promessas de Deus que Maria proclama em seu conhecido cântico: ‘Ele faz proezas com seu braço, dispersa os soberbos de coração, derruba do trono os poderosos e enaltece os humildes, aos famintos os cumula de bens e aos ricos os despede vazios’”, afirmou.

Em 24 de setembro de 1915, os veteranos da guerra de independência de Cuba assinaram no Santuário do Cobre a carta na qual pediram a Bento XV que proclamasse a Virgem da Caridade como padroeira do país.

O Pontífice aceitou o pedido e em 10 de maio de 1916 assinou o decreto que proclamou padroeira de Cuba a Virgem da Caridade.

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